Aumento das Vendas de Cigarro

Mário Albanese

A Souza Cruz anunciou o lucro líquido de R$824,1 milhões, recorde em relação a 2006 graças ao aumento de vendas de cigarro. A notícia veiculada na “Tribuna de Santos”, dia 21 de fevereiro de 2007, é atribuída ao Diretor-Financeiro e de Relações com Investidores, da Souza Cruz, Luís Rapparini. Disse o executivo: “Conquistamos um bom resultado no lucro líquido e, pelo segundo ano consecutivo, ampliamos o volume de venda de cigarros. Conseguimos atrair os fumantes. No entanto ainda há espaço para avançar. Queremos conquistar participação de outras empresas, sejam legais ou ilegais”.

Manifestação surrealista, incoerente e gananciosa que serve, no mínimo, para desmentir as estatísticas de que o número de fumantes no país está diminuindo... Depreende-se ainda dessa declaração que além da nicotina, o cinismo e a arrogância viciam! A cultura enganosa do trambique ilude o consumidor fumante e a sociedade com falsas promessas. De fato, desinformação e distorção da realidade, caminham juntas para cooptar, crianças e jovens para o tabagismo, sob o olhar indiferente da sociedade. Que se assegure à sociedade o direito de saber o real preço do tabagismo para a saúde pública, quais os interesses escusos envolvidos, bem como a razão das tabaqueiras não responderem, como acontece com os fabricantes de outros produtos, pelos prejuízos causados. A maioria dos fumantes ignora esses aspectos do tabagismo. O tabagismo causa tantos problemas com os milhares de tóxicos do cigarro, que será vendido com bula e autorização médica. De acordo com o Código Sanitário (Lei 10.083, 23.09.1988), farmácia e drogaria, considerados estabelecimentos de saúde pública e não apenas comerciais, deveriam assumir sua responsabilidade quando oferecem produtos de conveniência, inclusive cigarro, sem qualquer advertência e orientação.

Richard Daynard, advogado e professor norte-americano especialista em questões legais para a redução do tabaco nos EUA, quando esteve no Brasil em 1999, afirmou que “as indústrias do tabaco se mostram ao público como defensoras de boas causas mas, mesmo assim, continuam propagando a venda de seus produtos assassinos”. Imperioso considerar que, se em 2005 a OMS registrou o balanço macabro de 5 milhões de mortes, seguramente em 2007, esse número dobrou! Portanto tendo essa estimativa em mente é possível considerar as declarações do “Executivo da Souza Cruz, Luís Rapparini” uma verdadeira sentença de execução pública, um genocídio projetado e incentivado sem o menor pejo e, descaradamente! Para o cidadão em apreço e à empresa que representa, a vida humana não vale absolutamente nada!

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Com particular consideração e a amizade de sempre.

Fonte: Família Jequibau (www.jequibau.com.br), em 01/03/07.