Direto da fonte IBGE: brasileiros têm fumado mais e consumido mais remédios

SONIA RACY

Ao bater os olhos sobre os dados da produção industrial de fevereiro, divulgados ontem pelo IBGE, pode-se deduzir, inicialmente, que a crise política está afetando profundamente os brasileiros. A população estaria ficando mais doente e fumando muito mais. Na comparação com fevereiro de 2005, a indústria do fumo produziu 44% mais e a farmacêutica, 42%. O economista do Iedi, Julio Gomes de Almeida, só tem justificativa para o crescimento da produção de remédios. "Com a retração de 2003, o brasileiro sacrificou o item remédio. Voltou a comprar a partir de 2004, mantendo as compras em 2005 e 2006." Nessa mesma leitura, conclui-se ainda que, desanimados, os brasileiros têm lido menos. A produção de papel para impressão caiu 8,19% em fevereiro, na comparação com o mesmo mês de 2005.

Dois fatos, na opinião de Gomes de Almeida, devem ser destacados na evolução do setor industrial: a superação do período de dificuldades do ano passado e a irregularidade do seu crescimento nos últimos meses. Em fevereiro, a produção cresceu 1,2% ante o mês anterior, na série com ajuste sazonal, recuperando-se do decréscimo de 1,3% de janeiro. Em dezembro, esse número foi de 2,4%. "São oscilações fortes, que parecem indicar que, se de fato o setor superou o pior, o crescimento ainda não ganhou consistência."

Se o cenário político não atrapalhar, é provável que a indústria ganhe maior regularidade e feche o ano com crescimento em torno de 4,5%. O que seria compatível com uma evolução do PIB de 3,5%. E quais indicadores confirmam a fase de recuperação? "Primeiro: a evolução da produção em relação ao mesmo mês do ano anterior tem registrado índices crescentes desde novembro do ano passado. Segundo: o movimento da média móvel trimestral dos índices de produção com ajuste sazonal é claramente de crescimento desde dezembro de 2005.

E mais. Comparando com o mesmo mês de 2005, a produção da indústria cresceu 5,4%, maior variação desde junho de 2005. Além disso, os bens de consumo duráveis voltaram a ser o principal impulsionador do setor industrial: cresceram 6% em fevereiro, sobre janeiro.

Fonte: OESP em 05-04-2006.