Programa tenta combater o fumo

Centros de referência da Secretaria da Saúde desenvolvem tratamento voltado para quem pretende deixar de fumar

Patrícia Alencar

Força de vontade é fundamental na luta contra o vício do cigarro. Mas largar a dependência com base apenas nessa força é missão bastante árdua. Para quem pensa em parar de fumar neste começo de ano e precisa de ajuda, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal disponibiliza 28 Centros de Referência para o Tratamento do Tabagismo na rede de assistência básica.

De acordo com o coordenador do programa contra o tabagismo no DF, o médico Celso Rodrigues, a busca por apoio social, psicológico e clínico aumenta bastante as chances de largar o tabaco. Se uma pessoa não consegue deixar o cigarro sozinha, isso não demonstra fraqueza de caráter.

- Em 2005, mais de 600 pessoas pararam de fumar no DF por causa do atendimento nos centros de tratamento. Esse número deve ser comemorado. Hoje, temos cerca de 400 pessoas sendo assistidas. Elas recebem o repositor de nicotina - que pode ser o adesivo de pele ou a goma de mascar - e ainda o anti-depressivo. Mas temos que alertar que o medicamento não é o tratamento. O acompanhamento médico e a força de vontade do paciente são fundamentais para o sucesso do tratamento - afirma Rodrigues.

O médico informa que, pelos dados do Ministério da Saúde, no Distrito Federal morrem sete pessoas por dia, em média, em consequência do cigarro. Hoje, 17,2% da população do DF é composta por fumantes.

- Esse número vem diminuindo a cada ano. Em 1997, eram 39,8%. Temos percebido que o serviço dos centros estão mostrando resultado. Mas, infelizmente, muitos jovens vêm aderindo ao cigarro, principalmente as meninas. Eles começam fumando um ou dois, achando que tem controle da situação. Mas com o tempo se tornam viciados.

Desde 1996, a Secretaria de Saúde começou com a sensibilização do uso do tabaco. A partir de 1998 foram criados os grupos para que se pudesse realizar um trabalho coletivo. Segundo dados da secretaria, no caso de dependentes tratados com medicamentos, o resultado positivo chega até a 76%.

A meta da Secretaria de Saúde para 2006 é realizar uma pesquisa para identificar em qual cidade há mais fumantes, para as ações serem concentradas.

Sem tabaco - Há um ano sem colocar um cigarro na boca, o economista Antônio Carlos Dias, de 50 anos, se diz de bem com a vida. Depois de anos, hoje um sonho antigo de Antônio será realizado:

- Vou correr na Corrida de Reis que será realizada hoje, algo que sempre quis fazer na minha vida. Isso era imaginável para mim há alguns anos atrás. Sempre dei tempo no cigarro por períodos curtos e sabia que não era definitivo. Hoje, posso dizer que estou livre deste mal e que até o relacionamento com os meus filhos melhorou.

A servidora pública Maria Aparecida Siqueira, de 48 anos, não teve o mesmo sucesso que Antônio Carlos. Depois de fazer três sessões de terapia a laser ela não resistiu a tentação.

- Enquanto eu estava fazendo o tratamento até consegui me controlar. Mas não tive força de vontade suficiente e acabei desistindo de abandonar o cigarro. Hoje, não penso em largar o vício, sempre fico adiando essa decisão. O cigarro, infelizmente, faz parte da minha vida e eu não tenho qualquer condição de parar de fumar agora. Quem sabe um dia. O Centro de Tratamento do Núcleo Bandeirante sempre me envia cartinha me convidado para as palestras. Mas como não quero parar, não adianta eu frequentar as reuniões. Seria perda de tempo - constata.

Os interessados no programa de tratamento do tabagismo, da Secretaria de Saúde, podem procurar os centros nas seguintes cidades: Paranoá, Planaltina, Ceilândia, Guará, Asa Norte, Asa Sul, Recanto das Emas, Núcleo Bandeirante, Brazlândia, Gama, Taguatinga, São Sebastião, Sobradinho, Santa Maria. Além dos centros nos hospitais Universitário e das Forças Armadas. Os telefones de contato são 3346-5770 ou 3346-6257.

Fonte: Jornal do Brasil em 08-01-2006.