Mário Albanese

Palestra realizada no Comuda dia 13 de fevereiro de 2007

Na condição de presidente da ADESF busco implementar a idéia de que a vontade é o exercício do que desejamos. Sou, por temperamento, apaixonado por tudo que faço! Felizmente não tenho a alma encolhida e sou sincero nos meus propósitos. Meu lema “é melhor compreender do que ser compreendido”. Hoje, mais uma vez sou o último a falar e, com isso, acabo mudando completamente o que pretendia dizer para aproveitar-me de tudo de bom que os que me precederam consideraram com brilho invulgar. Assim, ponderem comigo: o fumo vicia, adoece e mata! Até 2005 contabilizaram-se 5 milhões de mortes a cada ano no mundo! A cada 8 segundos morre um fumante! Os 200 mil fumantes brasileiros mortos por ano não são sequer registrados. Pelo que sei, em 1989, o IBGE realizou uma da pesquisas mais abrangentes sobre tabagismo e registrou 30.6 milhões de fumantes. No entanto, de lá para cá os números oscilam de maneira discrepante entre 40 e 50 milhões... Uma coisa é certa, o tabagismo continua crescendo no país principalmente entre os excluídos que, sem luz elétrica, telefone, coleta de lixo, abastecimento d’água, esgoto e, mesmo vivendo em condições subumanas, esses nossos irmãos fumam! Ora, o erro e o direito não podem coexistir. Todo direito implica em obrigação. Pasmem! Os que lutam contra o fumo são chamados de nazistas! Nesse caso a resposta deve ser direta e objetiva. O direito individual está suficientemente garantido pelo artigo 5º da Constituição, um artigo e 77 incisos, um minicódigo! Pois bem, pelo direito individual é possível fazer tudo, ser livre para se matar, ter liberdade de ação e pensamento, de locomoção, desde que respeite o direito coletivo! É consensual que no direito coletivo só é possível fazer o que a lei autoriza! Simples e fácil, só falta agora, cumprir a lei! Não me venham com essa de que a lei não pegou, porque lei não é catapora para pegar ou não. Lei é para ser respeitada. Estudo publicado no “Tobacco Control” mediu a quantidade de partículas emitidas por uma hora por 3 (três) cigarros dentro de um quarto e a compararam com o total de partículas emitidas, pelo mesmo espaço de tempo, por um motor a diesel moderno em ambiente aberto. Os cigarros emitiram 10 vezes mais!!! A verdade é que os 6.700 tóxicos do cigarro ficam aderidos em tudo, na roupa, nos cabelos, nas paredes, cortinas, carpetes e também no organismo. Para finalizar saibam que a Suprema corte de Massachusets rejeitou por unanimidade o argumento da indústria do tabaco de que “ a culpa é do fumante”. Decisão importante e que confirma que o fumante é, isto sim, vítima da propaganda enganosa e abusiva das tabaqueiras. Essa nebulosa rede de interesses das tabaqueiras deve cumprir a lei do consumidor e pagar pelos prejuízos causados. Notem que conseguiram transformar em “ponto-de-venda” a padaria, a banca de jornal, farmácia ao afirmar: “continuaremos colocando nossos produtos nos pontos-de-venda até quando o Governo permitir...”

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Obrigado!

AMATA/ADESF, em 15/02/07.