Juiz diz que gravações indicam corrupção de políticos

Marina Miranda e Nadyenka Castro

Minamar Junior

Juiz não detalhou irregularidades de agentes públicos identificadas em escutas

Nos 105 cds de gravações de ligações interceptadas pela Polícia Federal durante a investigação que ficou conhecida como Bola de Fogo, constam diálogos que indicariam corrupção de deputados federais, ministros, funcionários da Receita Federal e fiscais de renda. As informações foram repassadas esta manhã pelo juiz federal Odilon de Oliveira, que não citou nomes, nem deu detalhes.

Desde ontem ele ouve testemunhas do caso que envolve esquema de contrabando de cigarros. O magistrado já havia informado que conversas teriam apontado suposta venda de sentença do ministro Sepúlveda Pertence. Todo material foi encaminhado ao Conselho Nacional de Justiça, conforme Oliveira. O assunto ganhou repercussão na mídia em janeiro, quando foi divulgado o teor de conversa envolvendo o advogado Luis Fernando Severo Batista referente a uma sentença favorável ao Banco do Sergipe que teria custado R$ 600 mil. Na época, Pertence disse que a decisão foi fundamentada em jurisprudência e o advogado teria enganado o cliente.

São 89 cds em mp3 e 16 vídeos de áudio gravados de 16 de janeiro a 20 de outubro de 2006. Cerca de 10 agentes da Polícia Federal fizeram monitoramento de 500 ligações diárias. Para o magistrado, os depoimentos de ontem e hoje ajudam a elucidar o processo. "Está havendo progresso para separar o joio do trigo", afirmou, sem dar mais detalhes.

Entrave - Oliveira não comentou a decisão da defesa de ingressar com ação no TRF (Tribunal Regional Federal) para anular os depoimentos. Os advogados alegam que não tiveram acesso a transcrição de gravações na íntegra. Se o tribunal conceder o recurso, os depoimentos serão invalidados e terão de ser remarcados. O juiz apenas informou que os cds estão à disposição desde 24 de novembro e ontem apontou a dificuldade de transcrição de todo o material.

Fonte: Campo Grande News em 17-02-2007.