AMATA, homenageando centenário do nascimento de Prof. Dr. José Rosemberg, premia 1ª Comunidade do Brasil a abolir o tabaco

Linha Água Parada, interior do município de Maravilha/SC, comunidade com 185 pessoas divididas em 52 famílias, contava com 25 fumantes das mais variadas idades.
Um trabalho de conscientização iniciado em 2003 em parceria pelas Secretarias Municipais de Saúde e Assistência Social zerou esse número.

PATRÍCIA BERTOLLO
DE MARAVILHA / SC

Preocupados com os danos causados pelo uso do tabaco, os responsáveis pelo projeto prepararam uma metodologia utilizando teatro de fantoches, palestras, dinâmicas de grupo, acompanhamento nas reuniões e constante incentivo para que os fumantes deixassem o tabaco. O setor de saúde realizou encontros entre fumantes e forneceu medicamentos.

O Projeto Anti-tabagismo, conforme informou a idealizadora Marclei Grando, não apenas fez com que as pessoas parassem de fumar mas implantou na comunidade uma nova cultura e novos hábitos. Antes do projeto 32 famílias da localidade cultivavam fumo nas lavouras, agora somente 12 ainda cultivam sem, no entanto, fazer uso do produto.

A rotina dos moradores em Linha Água Parada é cercada também por peculiaridades que envolvem o projeto. Essencialmente agrícola, com poucas opções de lazer, um único bar funciona na localidade, porém, sem vender cigarros. O bar é da própria comunidade que abre aos sábados e domingos onde os moradores se reúnem para jogar baralho e outras atividades de lazer. O exemplo que a comunidade deu é de união, afirma Marclei, e juntos os moradores decidiram não mais vender cigarros.

A comunidade se orgulha de que, nas festas realizadas em finais de semana, ninguém precisa se preocupar com as crianças juntando tocos de cigarro do chão. Os integrantes contam ainda que foi preciso pessoas morrerem na comunidade devido ao tabagismo para algumas pararem de fumar, no entanto, outros continuavam. Então após o trabalho, realizado com fantoches, de maneira lúdica, se sentiram mais motivadas a pararem”, relata Marclei. “Nas celebrações da missa na igrejinha local, se por ventura faltar fósforo para acender as velas alguém precisa ir até uma casa para buscar, porque ninguém mais carrega consigo o que antes era companheiro para acender o cigarro”, conclui.

No dia 05 de setembro pp, Reimundo Ebel, com 60 sessenta anos, Presidente do Grupo de Idosos da Comunidade, completou um ano sem fumar. Casado há 35 com dona Lorena Ebel, recebeu da esposa incentivo e apoio na jornada. “Ele sempre fumou. Acho que começou a fumar desde os 14 anos. Criança quer parecer gente grande... Durante o tratamento ele ficava nervoso, era difícil. À noite eu até sentia raiva porque ele tossia muito, mas acho que se ele não tivesse deixado o cigarro não sei se estaria aqui hoje”, afirmou Lorena. Atualmente o cheiro da fumaça atormenta o casal quando estão perto de um fumante, e ela brinca com o marido: “Você viu com que cheiro de carniça eu convivia?

Cada ex-fumante que vence a batalha contra o fumo recebe um certificado. Somente este ano Marclei comenta ter entregue mais de 100, não só em Linha Água Parada, mas também em outras localidades. No certificado, explica Marclei, a mensagem que está escrita é de reconhecimento: “Por sua brilhante atitude, como cidadão e como ser humano, optando por sua saúde e parando de fumar, receba este certificado”. O certificado é assinado pelo Prefeito Juarez Vicari, pela Secretária de Assistência Social, Cléria Siqueira e por Marclei Grando.

O exemplo dos moradores de Linha Água Parada estimulou os Departamentos de Saúde e de Assistência Social de Maravilha a empenharem mais esforços na luta contra o tabagismo. O mesmo projeto é aplicado com acompanhamento nos 18 grupos de idosos do município, e continuam as dinâmicas de grupo e incentivo para os que pararam. Cada ex-fumante recebe um certificado destacando seu empenho e incentivando mais pessoas a pararem.

A participação da Secretaria Municipal de Saúde é fundamental para que os fumantes obtenham êxito na luta contra o cigarro e, conforme explica Marclei, nas reuniões sempre foi frisada a questão da importância de abandonar o cigarro, não só de forma lúdica, mas também com as palestras dos médicos do setor da saúde. “Quem não conseguiu parar por conta própria, sem o auxílio de medicamentos, procurou o setor de saúde e venceu o vício”, afirmou.

Fonte: AMATA, em 19/09/07

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