Lei do tabaco provoca
descida das vendas na ordem dos 15%
leonel de castro |
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Fumar é, desde há
um mês, um acto sujeito a novas regras com
reflexos, por exemplo, na venda de tabaco |
Pedro
Araújo
A lei do tabaco, em vigor há
um mês, está a provocar uma quebra média homóloga
nas vendas que, segundo as associações de
grossistas, anda na casa dos 12 a 15%. Na região
do Porto, a quebra nos centros comercais atinge
50%. Nuno Jonet, director dos assuntos
institucionais da Tabaqueira, reconhece que a
quebra nas vendas será sentida em 2008 e que o
recente aumento da fiscalidade acentuará ainda
mais a tendência para a corrida à compra do tabaco
em Espanha.
Segundo Nuno Jonet, Janeiro e
Fevereiro são meses muito atípicos, uma vez que se
seguem ao período de maior despesa do Natal. Por
outro lado, compra-se mais tabaco no final do ano
para evitar os preços mais elevados que chegam a 1
de Janeiro do ano seguinte, pese embora os maços
com preço antigo ainda possam circular até 1 de
Março.
"Prevemos uma quebra nas vendas
resultante de dois efeitos - aumento significativo
da fiscalidade e a entrada em vigor da nova lei do
tabaco", reconhece Nuno Jonet. "Noutros mercados
com leis deste tipo, acontece sempre uma quebra do
consumo no primeiro ano. No entanto, é sempre
difícil extrapolar para o nosso caso, uma vez que
há leis mais e menos restritivas, caso de
Espanha".
As associações de grossistas
assumem que já há despedimentos e empresas na
iminência de fechar portas, tendência que se irá
agravar ao longo do ano. "A quebra média nas
vendas dos grossistas é na ordem dos 12%", refere
Jorge Duarte, presidente da Associação Nacional de
Grossitas de Tabaco. "A quebra anda na ordem dos
15%", estima Helena Manuela, presidente da
Associação de Armazenistas de Tabaco do Norte
(AATN). Neves da Silva, ex-presidente da AATN,
acrescenta que a baixa de vendas nos centros
comerciais do Porto é de 50%.
Tentando
perspectivar 2008, o caso de Espanha preocupa
particularmente a Tabaqueira, detida pela Philip
Morris. "Há uma corrida à compra de tabaco em
Espanha que prejudica a Tabaqueira e o Estado, que
cobra menos impostos. No ano passado, esse impacto
terá sido menor porque houve um reajustamento dos
preços em Espanha, mas este ano o diferencial de
preço vai voltar a acentuar-se e é de esperar que
o fenómeno das vendas transfronteiriças de tabaco
se agrave", refere Nuno Jonet.
Outro factor
de asfixia dos grossistas reside na relação com a
Tabaqueira. "Quando pagamos o produto, a
Tabaqueira só vai entregar os impostos no fim do
mês seguinte", explica Jorge Duarte, presidente da
Associação Nacional dos Grossistas de
Tabaco.
A margem dos grossistas era de
8,62% antes do chamado factor de correcção
introduzido pela Tabaqueira. Fruto dessa medida, a
margem dos grossistas desceu para 7,32%, em 2007,
e 6,92%, em 2008. A margem real dos grossistas é
de 2%, uma vez que a parte restante é passada para
os retalhistas. Uma vez que os impostos sobre o
tabaco têm um peso de 80%, a margem de lucro da
Tabaqueira anda na ordem dos 13%.
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