Caros amigos
 
Seguem alguns informes  sobre o difícil  processo de mudança da legislação federal sobre a proibição de fumar em recintos coletivos.
 
Nessa quarta feira dia 09 de dezembro, a votação do Projeto de Lei (PL) 315 de autoria do Senador Tião Viana foi adiada pela terceira vez. A primeira  vez  foi na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) e duas outras vezes na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) .
 
O PL do Senador Viana tem como objetivo  aperfeiçoar a Lei Federal 9294 de 1996 no sentido de proibir áreas reservadas para fumar em recintos coletivos (ainda permitidos por essa lei), o que coloca essa iniciativa do Senador  em sintonia com as  diretrizes da Convenção Quadro para Controle do Tabaco.
 
A votação  programada para o dia 09 de dezembro, na CCJ,  novamente sofreu a interferência do Senador Romero Jucá. Ele também tem  um projeto sobre essa matéria (PL 316/08)  mas cuja redação até piora a lei Federal  e por isso  foi rejeitado pela relatora da matéria, a Senadora Marina da Silva. 
 
Para maiores detalhes dos  PLs e do relatório  da Senadora buscar os links em  http://legis.senado.gov.br/sil-pdf/Comissoes/Permanentes/CCJ/Pautas/20091202RO054.pdf  e no anexo.
 
Enfim, o Senador Romero Jucá  continua a realizar  manobras para adiar a votação do relatório da Senadora e a  insistir que o PL dele seja votado em separado. Junto com o  Senador Romero Jucá atuam  vários outros senadores nesse processo de obstrução. E  um dos que dá as coordenadas  nesse posicionamento contra o PL Tião Vianna é o Senador Francisco Dornelles.  Deram, portanto, demonstrações de que lado estão quando o tema é controle do tabagismo.
 
Todos sabemos que os objetivos do Programa Nacional de Controle do Tabagismo são diametralmente opostos aos objetivos de companhias de fumo. E não é novidade que qualquer iniciativa que resulte em redução do numero de fumantes venha a  sofrer interferência dessas companhias.  Essa interferência se dá de várias formas, sendo uma delas através de parlamentares (  ver  em  http://www.radioagencianp.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=5445&Itemid=43 )e outra através de organizações patrocinadas pela indústria do tabaco.
 
Hoje no Brasil a indústria se move agilmente nesses dois caminhos.  Em nível Federal,  usa parlamentares para impedir que a Lei Federal mude (e até aproveita para piorá-la).  E em  nível de estados e municípios financia  associações e organizações como ABRASEL* , ABRESI * *, SINHORES***, dentre  outras, do setor de hospitalidade e entretenimento para que estas  questionem publicamente  e  judicialmente as leis que  estados ou municípios passaram a adotar,  em função da demora da tão esperada mudança da lei federal.  O interessante é que estão sendo questionados judicialmente, os estados que  adotaram medidas semelhantes ao que está sendo proposto no PL do Senador Tião Viana, e não os que têm uma redação semelhante ao do PL do Senador Romero Jucá.
 
 *ABRASEL -  olhem a lista de parceiros na pagina da abrasel http://www.abrasel.com.br/)
**ABRESI  _  http://www.abresi.com.br/index.htm - ver quem patrocina a FISTUR um  evento da ABRESI http://www.fistur.com.br/
*** SINHORES - SP - Sindicato Patronal  do Setor de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares - Ver a lista dos patrocinadores  http://www.sinhores-sp.com.br/atribuna/edicao_especial.pdf
 
Na verdade estamos diante de uma grande queda de braço entre os interesses da saúde pública e os da  indústria do tabaco.  Esse embate é quase uma repetição da luta que tivemos para conseguir que o Brasil ratificasse a Convenção Quadro para Controle do Tabaco.
 
Gostaria de dizer que nessa 4a feira perdemos uma batalha, mas não a guerra. E uma coisa é certa.  A grande mobilização nacional articulada por vários profissionais e instituições que defendem a saúde e o desenvolvimento  fizeram muitos senadores perceberam que terão um preço a pagar, caso optem por servir aos  interesses da indústria do tabaco. 
 
Pudemos perceber essa preocupação em alguns gabinetes que visitamos.  Muitos senadores manifestaram que estavam recebendo de 30 a 40 e-mails por dia de indivíduos, organizações e instituições que defendem o PL do Senador Tião Viana. Mas  também nos informaram do intenso assédio que estão tendo por parte da indústria do tabaco.
 
Temos que nos preparar para um novo confronto que deverá acontecer na próxima vez em que o tema voltar para a pauta da CCJ no Senado.  E a  que tudo indica será  em fevereiro de 2010.  Manteremos todos informados.  Precisamos estar todos preparados para uma nova onda de mobilização junto aos senadores.
 
Por fim, gostaria de agradecer a todas   pessoas, instituições  e organizações  que deram  parte do seu tempo para  enviar manifestos e  mobilizar suas redes de parceiros para expressarem apoio ao PL do Senador Tião Viana.  Agradeço especialmente  a todos que  interromperam suas atividades e  se dispuseram a  estar na reunião  da  CCJ.  
 
Um abraço a todos, e um Feliz Natal tão cheio de esperanças quando  o verde da  camiseta que usamos para lotar as salas e os corredores  da CCJ com a mensagem: Ambientes 100%  Livres da Fumaça de Tabaco. Um Direito de Todos. 
 
Tânia Cavalcante
Instituto Nacional de Câncer
 
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