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Toninho Almada
Fumódromo do Jack Rock Bar: empresário fez investimento de R$ 8 mil no espaço reservado aos fumantes
O cerco aos fumantes em Belo Horizonte está se fechando cada vez mais. Depois da lei estadual 18552/09 – que entrou em vigor em abril deste ano, impedindo a prática do tabagismo em ambientes coletivos fechados, públicos ou privados – a ordem é proibir até mesmo as áreas reservadas para fumantes, conhecidas como fumódromos, em qualquer estabelecimento da cidade.
O projeto de lei 04/09, que veta completamente o fumo em locais fechados
na capital mineira, foi aprovado em 1º turno pelos vereadores. A expectativa dos
parlamentares é que o PL esteja na pauta de votação da Câmara Municipal no
próximo mês e seja aprovado também em 2º turno.
O texto original do projeto permitia o fumo em áreas externas, como
varandas ou sob o toldo de bar ou restaurante. No entanto, essa possibilidade
foi rejeitada. De acordo com o procurador geral da Câmara Municipal, Marcos
Amaral, o PL já recebeu 13 emendas que ainda serão apreciadas pelos
vereadores.
Segundo ele, a maioria destas alterações tem um caráter ainda mais proibitivo, evitando brechas para a criação de qualquer espaço reservado aos fumantes. “As outras propostas estão em torno da criação de campanhas educativas na cidade e orientações diversas para as pessoas”, afirma o procurador.
Três estados brasileiros já editaram leis que proíbem completamente o
cigarro em estabelecimentos públicos ou privados. No Rio de Janeiro, São Paulo e
Paraná a lei bane a fumaça até mesmo nas varandas dos bares ou restaurantes. Já
na Paraíba, Rondônia, Roraima e Amazonas o fumódromo é proibido, mas o fumo nas
áreas externas pode ocorrer. Em outras regiões do país, o espaço para o fumante
é previsto, como estabelece a lei federal de 1996, mas não há qualquer restrição
para o tabagismo em locais fechados.
Lei estadual permite criação de fumódromos
Em Minas Gerais, a lei estadual antifumo permite a criação dos
fumódromos, desde que a área isolada tenha uma barreira física e seja equipada
com aparelhos que garantam a exaustão do ar para o ambiente externo. Assim como
já ocorre no Estado, a nova legislação para BH prevê que a responsabilidade em
garantir os ambientes livres de tabaco será dos proprietários dos
estabelecimentos.
Os fumantes não serão alvo da fiscalização. Pelo projeto de lei, o cigarro continua permitido dentro das residências, das vias públicas e em áreas ao ar livre. Nos quartos de hotéis e pousadas, desde que estejam ocupados por hóspedes, o fumo também está liberado.
A lei antifumo em Minas prevê aos infratores multas que variam entre R$ 2
mil e R$ 6 mil. No entanto, cinco meses após a mudança, a legislação ainda não
foi regulamentada. Na prática, não há a criação de normas que orientem como deve
ser a fiscalização. Desta forma, a Vigilância Sanitária não aplicou nenhuma
multa. Denúncias podem ser feitas pelo serviço de atendimento da Ouvidoria do
Estado (0800 283 9191).
Casas noturnas defendem ‘cantinho do fumo’
O segmento empresarial da cidade encara com ressalvas a edição de uma lei municipal para o fumo. O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (SINDHORB), Paulo Pedrosa, questiona a necessidade de uma nova legislação. Para ele, a aplicação de multas aos estabelecimentos é errada. “O cerco aos fumantes já existe e tem funcionado perfeitamente. Ao mesmo tempo, essas pessoas gostam de sair e se divertir. O direito de ter um local para fumar, desde que este ato não incomode outras pessoas, deve existir”, alega Paulo Pedrosa.
Já a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) é favorável
à proibição em locais fechados, mas faz ressalvas para a chegada de uma nova lei
na cidade. Segundo o presidente da Abrasel, em Minas, Paulo Sérgio Nonaka, a
própria clientela não fumante está cobrando essa postura. “Os fumantes já se
conscientizaram. A lei que existe atualmente funciona e os resultados estão por
toda parte. Basta sair e ver que a determinação é respeitada por todos”. Segundo
ele, outro problema seria o dinheiro jogado fora por empresários que instalaram
os fumódromos em seus estabelecimentos.
Como no caso do empresário Fabrício da Silva Nonato, proprietário das
casas noturnas Jack Rock Bar e Lord Pub, ambas na Região Centro-Sul de Belo
Horizonte. Somente em uma delas, ele teve que desembolsar cerca de R$ 8 mil para
instalar o fumódromo no estabelecimento. “Foi uma adequação necessária, devido à
lei antifumo. Tivemos que comprar um moderno sistema de exaustão e de ar
condicionado. Além disso, foi necessário fazer uma reforma, comprar mesas,
cadeiras e televisões”, revela Fabrício Nonato.
Para ele, o fumódromo é um conforto para os clientes, que não precisam mais sair da boate para fumar seu cigarro. Na contramão dos que defendem as áreas reservadas para os fumantes, especialistas em saúde pública que militam contra o tabagismo clamam pela proibição absoluta do fumo em ambientes fechados. O presidente da Associação Mundial de Antitabagismo e Antialcoolismo (Amata), Sílvio Tonietto, reforça que a fumaça do cigarro ultrapassa limites e atinge os não fumantes, como os garçons, por exemplo.
Como são as restrições ao cigarro
COMO É A LEI ESTADUAL DE MG HOJE
- Proíbe o fumo em
todos os ambientes fechados (bares, restaurantes e repartições públicas)
-
Permite em áreas externas do estabelecimento comercial e a instalação de
fumódromos
- Nos fumódromos, é necessária a instalação de sistemas
específicos de exaustão
- As multas variam entre R$ 2 mil e R$ 6 mil. Valores
podem dobrar em caso de reincidência
- As penalidades serão definidos de
acordo com o tamanho do estabelecimento
O QUE PREVÊ O PROJETO DE LEI PARA BH
Onde pode e não
pode fumar
Parques e praças - Liberado
Escolas e universidades - Proibido em qualquer
ambiente
Casas noturnas - Proibido. Até mesmo o fumódromo não está
autorizado
Bares, restaurantes e lanchonetes -
Proibido. Nem mesmo em
áreas reservadas
Shoppings - Proibido
Hotéis e pousadas - Proibido nas
áreas comuns. Nos quartos, desde que ocupados, é permitido
Táxi e ônibus -
Proibido
Ambientes de trabalho - Proibido
Demais ambientes fechados de
usos coletivo (públicos ou privados) - Proibido
- Dos 18 estados que aprovaram a lei antifumo, apenas três proibiram o
fumo 100%
- 100% proibido (até mesmo nas áreas externas, sob toldo do bar ou
restaurante) - São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná
- Proibe o fumódromo, mas permite o fumo nas áreas externas - Roraima,
Amazonas, Rondônia e Paraíba
- Proíbe em locais fechados, mas permite os fumódromos e nas áreas
externas - Minas gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul,
Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Maranhão, Ceará, Sergipe, Espírito Santo e
Distrito Federal
- Espaço para o fumante é previsto, mas pode ocorrer mesmo em ambientes
fechados - Acre, Pará, Amapá, Rio grande do Norte, pernambuco, Alagoas, Piauí e
Bahia
Fontes: Aliança de Controle do Tabagismo (ACTBR) e Associação Mundial
Antitabagismo e Antialcoolismo (Amata), Câmara Municipal de Belo Horizonte e
Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).