Síntese da Audiência Pública sobre o Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa

Por Mônica Andreis

Secretaria Executiva da RTZ

Realizada em 24 de novembro de 2005, na Assembléia Legislativa de São Paulo, a audiência pública visava discutir o lançamento do índice de sustentabilidade empresarial da Bovespa, previsto para 01 de dezembro de 2005. Compunham a mesa a Deputada Rosmary Corrêa (Assembléia Legislativa), a Dra. Nise Yamaguchi (Sociedade Paulista de Oncologia Clínica), Ricardo Nogueira (Bovespa) e Rubens Mazon (Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas).

Entre os debatedores e demais presentes, estavam Paula Johns e Mônica Andreis da RTZ, além de representantes de diversas entidades, como Inca, Adesf, Amata, Ibase, Amigos da Terra. Idec, Unifesp, Cratod, Unaccam, O eco, FGV e Bovespa.

Após apresentação quanto ao propósito e metodologia para elaboração do índice de sustentabilidade, procedeu-se ao debate onde basicamente foi questionada a inserção da indústria do tabaco como uma das aspirantes a concorrer ao índice e consequentemente a obter através da Bovespa uma certificação de Empresa Modelo em Sustentabilidade/Responsabilidade Social.

Foi denunciada de forma contundente e inequívoca a incoerência e leviandade de possibilitar a uma indústria que fabrica um produto nocivo e letal, com extensas conseqüências danosas à saúde e ao meio ambiente concorrer a uma titulação que visa melhorar sua imagem junto à opinião pública, além de valorizá-la no mercado financeiro.

Através de depoimento do Sr. João Sucupira, diretor do Ibase, veio a público que por duas votações o Conselho responsável pela elaboração do índice de sustentabilidade optou pela exclusão de empresas de bebidas, fumo e armamentos. No entanto, a partir de ostensivo lobby da indústria do tabaco, realizou-se uma terceira votação onde membros do Conselho alteraram seus votos de modo a permitir sua inclusão, o que ocasionou a saída do Ibase do processo.

Mais uma vez se constatam os ardilosos meios utilizados para alcance de seus objetivos, e mais uma vez faz-se necessário um controle social onde sejam expostos e analisados criticamente os fatos. Compactuar com os interesses da indústria do fumo e negar a incompatibilidade essencial entre a proposta do índice e o uso que dele pretende-se fazer compromete a credibilidade das instituições envolvidas em seu lançamento, e neste sentido foi feito um apelo para que sejam revistos os critérios de participação das empresas.

Cabe a todos nós enquanto sociedade civil organizada acompanhar o processo daqui por diante e nos mobilizar em prol da verdade e da ética, zelando pela justa aplicabilidade do conceito de responsabilidade social e sustentabilidade.

Para finalizar, não poderia deixar de ser citada a homenagem prestada pelos presentes à audiência ao Prof. Dr. José Rosemberg, notável estudioso e defensor da causa de controle do tabaco, falecido no dia 24/11, cuja perda é inestimável, porém seu engajamento e seriedade nos serão sempre uma inspiração.

Obs: Encontra-se disponível no site www.tabacozero.net o recém-lançado dossiê “Responsabilidade Social Empresarial: a nova face da indústria do tabaco”, de autoria de Paula Johns e Anna Monteiro, da RTZ. O texto proferido por Paula Johns na audiência pode ser solicitado através do email tabacozero@redeh.org.br

Fonte: Rede Tabaco Zero em 29-11-2005.