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Exxon financia negação do efeito estufa, acusa
grupo
Empresa gastou US$ 16 milhões para confundir a opinião pública, diz
estudo
Relatório da União dos Cientistas Responsáveis compara estratégia da
companhia a usada pelas empresas do setor de tabaco
DEBORAH ZABARENKO DA REUTERS
A ExxonMobil, um dos grandes conglomerados do setor petrolífero, usou
uma tática já conhecida para lançar dúvidas sobre o aquecimento global.
Segundo um grupo de cientistas, a empresa gastou US$ 16 milhões em ações
para confundir a opinião pública, assim como já havia feito a indústria do
tabaco no passado. Naquele caso, o alvo era a relação entre cigarro e
problemas de saúde. "A ExxonMobil produziu incertezas sobre as causas
antrópicas das mudanças climáticas globais, assim como as companhias de
tabaco fizeram na tentativa de negar que os produtos feitos por ela
causavam câncer de pulmão", disse Alden Meyer, da União dos Cientistas
Responsáveis (UCS, na sigla em inglês) por meio de uma teleconferência. A
instituição americana lançou um relatório sobre o tema nos Estados
Unidos. O porta-voz da ExxonMobil não respondeu de imediato às ligações
para comentar as conclusões do documento. A UCS, instituição
não-governamental sediada em Cambridge, Massachusetts, disse que a empresa
de energia teve sucesso em sua tática. A partir de um investimento modesto
ela conseguiu criar incertezas no público em muitos pontos que já eram
consenso na comunidade científica. Entre as estratégias apontadas pelo
grupo está a contratação de pessoas contrárias às mudanças climáticas
globais e utilização da influência da empresa na administração Bush para
moldar os comunicados oficiais e as políticas de governo em relação ao
tema. O relatório também atesta que a ExxonMobil financiou estudos
legítimos sobre mudanças do clima, mas muito mais dinheiro foi dado para
43 organizações, entre 1998 e 2005, para que esses grupos jogassem dúvidas
no ar. "Esse documento revela pela primeira vez o grau dos esforços
para exagerar nas incertezas em relação ao clima" disse James McCarthy,
pesquisador da Universidade Harvard.
Ano quente Ao mesmo
tempo em que a UCS revelou a estratégia de lobby da Exxon para negar o
efeito estufa, o Escritório Meteorológico Britânico confirmou ontem
previsões já feitas por cientistas ingleses de que 2007 será provavelmente
o ano mais quente da história, devido aos efeitos combinados de um El Niño
incipiente e do aquecimento global. Segundo o escritório, há 60% de
chances de que a temperatura média global neste ano seja maior que a de
1998, até agora o ano mais quente desde que os registros começaram a ser
feitos, em meados do século 19. Em 1998, a temperatura ficou 1,2 C
acima da média de 14 C para todo o planeta. Embora uma mudança desse tipo
pareça pequena, ela pode aumentar a força de tempestades mundo afora ao
fazer evaporar mais água do oceano, fortalecendo também os
furacões.
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