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Em teste, uma
vacina antitabaco
A FDA, agência
reguladora de medicamentos dos EUA, dá prioridade à análise de
eficácia da NicVax
David
Tuller
Tome uma vacina e
deixe de fumar. A idéia não é tão improvável. Pesquisadores da
Universidade da Califórnia em São Francisco e de outras oito
instituições acabam de iniciar um grande estudo sobre uma
vacina que procura bloquear as sensações prazerosas
resultantes da satisfação do vício em nicotina.
A
vacina estimularia a produção de anticorpos que, ligados às
moléculas de nicotina, as impediriam de chegar ao
cérebro.
A busca de uma vacina contra a nicotina é
parte de uma nascente onda de pesquisas sobre vacinas contra
substâncias que causam dependência. Pesquisadores e companhias
farmacêuticas também estudam vacinas que gerariam anticorpos
contra cocaína, heroína e metanfetamina.
Mesmo que o
teste da vacina contra a nicotina, a NicVax, seja bem-sucedido
em humanos, o produto levará pelo menos dois anos para chegar
ao mercado, calculam os pesquisadores.
Outras duas
potenciais vacinas contra a nicotina estão em estudo, diz
Frank Vocci, diretor da divisão de farmacoterapia do Instituto
Nacional de Abuso de Drogas dos EUA. Mas a NicVax, produzida
pela Nabi Biopharmaceuticals, está mais
adiantada.
Vocci observou que a FDA, a agência federal
americana de controle de alimentos e medicamentos, pôs a
NicVax num processo rápido de aprovação. "Isso significa que
eles farão uma revisão rápida e darão retorno dentro de alguns
meses", afirma. "Eles dão atenção especial à vacina e
realmente tentam adiantar o processo, pois seria um produto
inédito."
BOM NEGÓCIO O consumo de cigarros
nos Estados Unidos atingiu em 2005 o menor nível desde 1951.
As vendas de cigarros caíram 4,2% no ano passado e 20% desde
1998.
Ainda assim, o sucesso financeiro da primeira
farmacêutica a comercializar uma vacina bem-sucedida contra a
nicotina seria enorme. Embora os índices de tabagismo nos
Estados Unidos tenham baixado, o hábito causa mais de 440 mil
mortes por ano no país, segundo o Centro de Controle e
Prevenção de Doenças.
No mundo, os atuais índices de
tabagismo levariam a cerca de 1 bilhão de mortes no século 21,
estima Vocci.
DOSES PARA EVITAR RECAÍDA Cerca
de 7 em cada 10 fumantes dizem que gostariam de parar, mas a
vasta maioria dos que tentam acaba voltando. Embora o mercado
das terapias para o abandono do tabagismo seja estimado em
mais de US$ 1 bilhão anuais, muitos fumantes continuam a
fracassar nas tentativas mesmo enquanto usam os produtos
disponíveis. O índice de sucesso a longo prazo geralmente
atinge no máximo cerca de 20%.
"O período crítico é
aquele entre quatro semanas e um ano de abstinência", afirma
Victor Reus, professor de psiquiatria da Universidade da
Califórnia e um dos principais pesquisadores da NicVax. Se a
vacina realmente ajudar os fumantes a abandonar o vício, diz
Reus, uma questão crucial será saber se doses de reforço
poderiam evitar recaídas.
Além dos esforços individuais
dos maiores interessados, os próprios fumantes, cada vez mais
governos do mundo tentam conter o tabagismo na marra,
proibindo, por exemplo, o consumo de tabaco em locais de
trabalho, em lojas e no sistema de transportes públicos.
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