LONDRES - Fumantes que buscam uma forma menos
prejudicial de satisfazer o vício em nicotina deveriam passar a usar
snus - um tipo de rapé produzido na Suécia, feito à base de tabaco e
água, e que é consumido oralmente. Embora esteja longe de ser
inócuo, o snus reduz significativamente o risco de câncer em relação
aos cigarros, segundo estudos publicados na revista médica The
Lancet.
Fumantes têm 10 vezes mais chance de pegar câncer de pulmão que
usuários de snus, mostra o estudo, que deverá abalar a proibição ao
produto, em vigor em diversos países da União Européia (UE).
"Não deveríamos demorar em permitir que os snus compitam com os
cigarros no mercado", disseram os médicos americanos Jonathan Foulds
e Lynn Kozlowski, da Universidade de Medicina e Odontologia de New
Jersey, comentando os estudos. "A proibição ou oposição exagerada
aos snus em ambientes repletos de cigarros não é uma boa política de
saúde pública".
Um dos estudos acompanhou a incidência de câncer entre 280.000
suecos - alguns usuários de snus, outros fumantes e outros, ainda,
que não consumiam tabaco - ao longo de 20 anos. Outro fez uma
projeção do impacto da introdução de snus na Austrália, onde o
produto é proibido.
Snus não são saudáveis: cerca de 30 cancerígenos já foram
encontrados nessa preparação de tabaco. No entanto, os trabalhos
recentes sugerem que o produto é muito menos danoso que o cigarro.
No estudo que acompanhou os cidadãos suecos, 26% eram usuários de
snus, 37% eram fumantes e os demais nunca usavam tabaco. Para os
fumantes, a incidência de câncer de pâncreas foi de 13 casos por
100.000. Entre os usuários de snus, a taxa caiu para 8,8. Entre os
que evitavam o tabaco, a proporção ficou em 3,9.
O uso de snus não aumentou o risco de câncer oral, mas parece
causar complicações na gravidez e elevar o risco de problemas
cardíacos.