WASHINGTON - Quando mamãe ou papai fumam um
cigarro, os filhos correm o risco de inalar a fumaça. Cientistas
detectaram produtos químicos cancerígenos, associados à fumaça do
tabaco, na urina de praticamente metade dos bebês filhos de pais
fumantes. "A mensagem é: não fume com as crianças por perto", disse
o médico Stephen S. Hecht, professor do Centro de Câncer da
Universidade de Minnesota.
De acordo com um estudo de 144 crianças, publicado na edição de
maio do periódico Cancer Epidemiology, Biomarkers &
Prevention, Hecht ´seus colegas encontraram níveis detectáveis
de NNAL na urina de 47% dos bebês expostos a cancerígenos do tabaco,
presentes na fumaça dos cigarros de parentes fumante. O NNAL é um
produto químico cancerígeno gerado quando o corpo humano processa o
NNK, uma substância específica do tabaco.
"O nível de NNAL detectado na urina dessas crianças era mais alto
que o visto na maioria dos demais estudos de campo de fumo passivo
em crianças e adultos", disse Hecht. "NNAL é um biomarcador
reconhecido para a absorção do cancerígeno NNK, específico do
tabaco. Não se encontra NNAL na urina, a menos no caso de pessoas
expostas à fumaça do tabaco".
Um estudo anterior de Hecht e colegas indicava que a primeira
urina de recém-nascidos, cujas mães fumaram durante a gravidez,
continha até 30% mais NNAL do que a dos bebês do estudo mais
recente. Os recém-nascidos, porém, receberam o cancerígeno
diretamente pela placenta, em vez apenas respirá-lo.
No estudo atual, os bebês com níveis detectáveis de NNAL eram de
famílias onde se fumava, em média, 76 cigarros por semana, em casa
ou no carro, na presença das crianças. Nas famílias onde os níveis
de cancerígeno não foram detectados, o número médio de cigarros por
semana foi de 27.
Nenhum dos estudos determinou qual o risco de câncer produzido
pela exposição, nem os efeitos do cancerígeno na genética ou no
desenvolvimento dos bebês.