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12/06/2007
- 20h02 Cardiologista francês nega que o colesterol
obstrua as artérias
Paris, 12 jun (EFE).- O cardiologista
e pesquisador francês Michel de Lorgeril publica esta semana um livro no
qual critica a "medicação automática" contra o colesterol, afirmando que
não obstrui as artérias, atacando assim uma idéia muito
difundida.
"O colesterol não obstrui as artérias. O risco de morrer
de infarto não é proporcional ao nível de colesterol no sangue e fazê-lo
baixar não reduz o risco de morrer de parada cardíaca", assegura Lorgeril
em entrevista publicada hoje pelo "Le Monde".
O cardiologista e
nutricionista trabalha no departamento de Ciências da Vida do Centro
Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) da França. No livro "Diga a seu
médico que o colesterol é inocente", ele afirma que não é o único a
defender esta tese.
Lorgeril explica que muitos outros
pesquisadores, em particular nos Estados Unidos e na Escandinávia, também
se opõem "a esta corrida louca da medicina preventiva concentrada em uma
guerra inútil contra o colesterol", que fica desautorizada quando "são
analisados cientificamente os dados de biologia experimental, de
epidemiologia e os testes clínicos computarizados".
Ele argumenta
que, ao se concentrar na prevenção do colesterol pela prescrição de
remédios, se omitem os problemas que conduzem ao infarto. "Alguns acham
que podem continuar comendo gorduras tóxicas e fumando porque tragam a
estatina", o remédio mais popular na área, ressalta.
Para o médico,
para uma avaliação do risco em nível individual, "deve-se levar em conta
prioritariamente os antecedentes familiares e o modo de vida do paciente.
É preciso agir sobre os grandes fatores de risco que são o tabaco, a falta
de exercício físico e os hábitos alimentícios".
Lorgeril ataca o
que chama de "teoria do colesterol", segundo a qual a presença em excesso
da substância está na origem dos ataques cardíacos. De acordo com ele, a
teoria é responsável pelo fato de haver na França 6 milhões de pessoas
recebam tratamento com estatina.
Para ele, isso beneficia a
indústria farmacêutica, o setor agroindustrial, laboratórios de análise,
fabricantes de testes, e quem "pode encontrar vantagens neste medicamento
automatizado e remunerador".
Segundo o especialista francês, até os
pacientes com esses fármacos "são levados a crer que assim estarão
protegidos sem fazer esforço". Na realidade, as doenças cardiovasculares
são "multifatoriais", em função "do modo de vida determinado por nossas
condições de existência".
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