São necessários seis
minutos para ir e voltar, mais seis para fumar. Considerando uma
média de seis a oito cigarros por dia, são 60 minutos a menos de
trabalho
ROMA - Algumas fábricas italianas estão
cortando o salário de funcionários fumantes para compensar o tempo
que eles gastam fumando - em média uma hora, segundo uma pesquisa
divulgada recentemente. A pesquisa foi feita pela associação
nacional dos diretores de recursos humanos, que representa 1850 das
3415 empresas com mais de 250 funcionários na Itália.
Com base numa amostra de 149 empresas, os pesquisadores
calcularam o tempo que os fumantes levam para deixar o local de
trabalho, chegar até uma área onde é possível fumar e consumir o
cigarro.
Eles estimaram que são necessários seis minutos para ir e voltar,
mais seis para fumar. “São cerca de dez minutos no total. Em média
as pessoas fumam de seis a oito cigarros por dia, portanto são 60
minutos a menos de trabalho”, disse à BBC Brasil o
coordenador da pesquisa e presidente da associação, Paolo Citterio.
De acordo com Citterio, é fácil recuperar este tempo quando se
trata de trabalho intelectual ou de chefes de departamento, que
permanecem na empresa mais do que as oito horas previstas. O
problema maior é nas fábricas, onde o custo da mão-de-obra é
determinante e a hora extra não é prevista. “Nas empresas
manufatureiras, de produção, a hora perdida para fumar torna-se um
custo adicional e se reflete no produto”, em sua avaliação.
Não-fumantes
Por isso, segundo ele, 4% das empresas pesquisadas começaram a
reduzir o salário dos funcionários que saem do local de trabalho
para fumar. E as outras disseram ter intenção de seguir o mesmo
caminho. “O tempo perdido deve ser recuperado. Com o uso do cartão
eletrônico para entrar e sair do prédio, no lugar do ponto, é
possível saber exatamente quantas vezes o funcionário sai e o tempo
que passa fora.”
Apesar desta medida, Citterio diz que a intenção não é punir, mas
recuperar o tempo não trabalhado. Além disso, segundo ele, outro
problema criado pelos fumantes é o incômodo causado aos colegas que
não fumam. “Quem não fuma reclama e se irrita porque a empresa não
desconta do salário dos fumantes o tempo que passam fora do
trabalho.”
De acordo com o diretor da associação, a preocupação com a saúde
dos trabalhadores também é levada em conta pelas empresas. “Somos
obrigados por lei a tutelar a saúde dos funcionários. Por isso
ativamos uma série de iniciativas para combater o fumo.”
Segundo Citterio, as empresas promovem encontros com psicólogos e
pneumologistas na própria sede ou em institutos oncológicos,
organizam cursos para deixar de fumar e distribuem publicações sobre
os danos provocados pelo fumo.
A pesquisa foi realizada em três fases. Começou logo depois da
entrada em vigor da lei que proíbe o fumo em locais públicos na
Itália, em janeiro de 2005, e terminou no mês passado.
As estatísticas evidenciaram que 45% dos funcionários das
empresas pesquisadas são fumantes. Ficou claro também que ninguém
mais fuma no local de trabalho. De acordo com o estudo, houve um
aumento das salas especiais para fumantes. Nos primeiros meses da
aplicação da lei, só 20% das empresas criaram salas para fumar,
agora chegam a 37%.
De acordo com os resultados da pesquisa, depois de um ano e meio
da entrada em vigor da lei o numero de fumantes nas empresas
diminuiu 12%.
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