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Cigarros ganham
mais poder de vício
Segundo
pesquisa, nível de nicotina cresceu 11% nos Estados Unidos
Uma pesquisa da
Escola de Saúde Pública de Harvard, nos EUA, revelou que entre
1997 e 2005 os fabricantes aumentaram em 11% o nível de
nicotina que o fumante inala ao consumir os cigarros vendidos
no Estado de Massachusetts. A nicotina é a principal
substância dos cigarros a causar dependência. A análise se
baseia em dados enviados pelas próprias empresas ao
Departamento de Saúde Pública de Massachusetts. Segundo a
pesquisa, os fabricantes também modificaram a composição do
cigarro para aumentar o número de tragadas, elevando sua
capacidade de viciar.
O estudo foi conduzido por
Gregory Connolly e Howard Koh, membros do Programa de
Pesquisas para o Controle do Tabaco nos EUA. “A análise mostra
que as companhias de cigarro vêm aumentando ano a ano a
nicotina em seus cigarros sem alertar seus consumidores”, diz
Connolly. Koh ressalta a importância da prevenção. “As ações
que requerem à indústria do tabaco que revele dados
importantes sobre a composição dos produtos podem proteger as
próximas gerações da tragédia do vício.”
LEGISLAÇÃO
NO BRASIL
Ao contrário dos EUA, onde o nível de
nicotina não é oficialmente regulamentado, o Brasil tem uma
das mais modernas legislações antifumo do mundo. Desde 2001, o
nível máximo permitido é 1,0 mg por cigarro. Nos Estados
Unidos os cigarros têm quase o dobro: cerca de 1,9
mg.
Segundo o gerente da área de tabaco da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Humberto José
Coelho Martins, o registro das marcas no País segue controle
rigoroso. “Podemos recolher produtos se estiverem acima do
permitido”, disse.
“O estudo refere-se apenas a
cigarros vendidos nos EUA”, afirmou a Philip Morris Brasil em
comunicado. “Os dados refletem que há variações aleatórias nos
teores de nicotina, tanto para cima quanto para baixo”,
acrescentou a empresa. Procurada pelo Estado, a Souza Cruz não
se manifestou.
Neste ano a Anvisa começa a construir o
primeiro laboratório oficial de análise de produtos do tabaco.
Hoje as análises são feitas no exterior.
EMILIO SANT’ANNA, COM REUTERS
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