Julio Mesquita
(1891-1927)
DIRETOR:
Ruy Mesquita

 
 
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Sexta-feira, 18 agosto de 2006   edições anteriores
GUIA CADERNO 2
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OBRIGADO POR FUMAR
Fumantes: aqueles que têm o hábito não vão passar por lição de moral. Não-fumantes: nenhum personagem é visto com um cigarro aceso no filme

Augusto Olivani

O título é irônico e confrontador, ainda mais em tempos que o cigarro passa a ser banido dos ambientes sociais. Por tratar de uma questão naturalmente polêmica, Obrigado Por Fumar poderia cair, em mãos menos hábeis, no equívoco de ser um filme politicamente correto em excesso ou simplesmente politicamente incorreto e grosseiro. Mas o jovem diretor Jason Reitman não parece ser ingênuo, nem bajulador, e por isso transforma um tema complicado em uma das boas comédias do ano.

Nesta história, o Senador Finistirre (William H. Macy) quer rotular os maços de cigarro como veneno. Ele acredita que quem fuma é idiota e que toda a indústria tabagista tem de ir para a cadeia. A medida radical que ele propõe, porém, não agrada em nada a associação de produtores de tabaco. Para que a opinião pública não fique toda ao lado do senador, o homem que deve massagear a verdade sobre os cigarros é o lobista Nick Naylor (Aaron Eckhart) - homem sem escrúpulos morais, de retórica agressiva, mas que tem o sorriso que a América ama. Neste fogo cruzado, sobra para a vida pessoal de Naylor - cujo filho quer conhecê-lo como pai e como profissional - e também para a sexual, já que ele acaba se envolvendo com uma repórter inescrupulosa (Katie Holmes) que quer conhecer seus segredos.

Desde os créditos iniciais, 'Obrigado por Fumar' prende a atenção do espectador. As situações pelas quais Nick Naylor passa são tensas, mas ele age com tal naturalidade no papel de advogado do diabo que o humor surge quase sempre sardônico. Afinal, para ele, "quem sabe argumentar nunca está errado". As cenas vão se sucedendo com dinamismo e costuram o ótimo elenco que o diretor Reitman convidou individualmente. Nos encontros dos Mercadores da Morte (os lobistas de armas, álcool e cigarro), por exemplo, os personagens são sinceros até demais, discutindo sobre qual ramo de atividade mata mais. Já a negociação entre Nick Naylor e o agente hollywoodiano Jeff Megall (Rob Lowe) é surreal, conversando sobre Brad Pitt e Catherine Zeta-Jones fazendo círculos de fumaça após transarem. Assim como a conversa franca entre Naylor e o cowboy canceroso (Sam Elliott) daquela marca de cigarros que glamourizava o estilo vaqueiro. O filme não deixa de surpreender conforme evolui e o roteiro não descamba, crescendo até seu desenlace moral - mas sem ser moralista - e contando com um desfecho bastante hilário.

   



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