Cientistas criam fórmula para avaliar
risco de câncer em fumantes
Programa leva em conta quantidade de
cigarros consumidos e tempo de dependência
LUCIANA MIRANDA
Cientistas desenvolveram uma fórmula capaz de medir o risco de um
fumante de longa data desenvolver câncer de pulmão. Quantidade de cigarros
consumidos por dia e tempo de dependência do tabaco são fatores que
influenciam o risco de fumantes e ex-fumantes terem a doença.
O trabalho, publicado na edição desta semana da revista do Instituto
Nacional do Câncer dos Estados Unidos, foi feito por uma equipe do
Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, entidade considerada referência
mundial em oncologia.
O teste só vale para fumantes que tenham entre 50 e 75 anos e que
sejam consumidores de 10 a 60 cigarros por dia durante 25 a 55 anos.
Ex-fumantes com essas características também podem fazer o teste desde que
tenham parado de fumar há 20 anos ou menos.
O cálculo é feito automaticamente pelo site do Memorial
Sloan-Kettering Cancer Center, a partir de seis informações do fumante ou
ex-fumante: idade, sexo, número de anos da dependência, quantidade média
de cigarros consumidos por dia, há quanto tempo é ex-fumante e se teve
exposição a amianto.
Um homem de 68 anos que fuma 40 cigarros por dia desde os 18 possui um
risco de 15% de ter câncer de pulmão durante sua próxima década de vida se
continuar fumando. Se ele parar de fumar, seu risco cairá para 11%.
Fator de risco - Apesar de haver outros fatores de risco para
que a doença se desenvolva, como poluição, exposição a amianto e
hereditariedade, o cigarro ainda é o de maior peso. "Entre 80% e 90% das
pessoas que têm câncer de pulmão são fumantes ou ex-fumantes." diz
Jefferson Luiz Gross, cirurgião torácico do Hospital do Câncer A. C.
Camargo.
Enquanto, no passado, os homens lideravam as estatísticas de câncer de
pulmão, hoje as mulheres já dividem também esses números. A mudança
ocorreu na última década. Segundo Gross, para cada dois homens com câncer
de pulmão, há uma mulher com a doença.
"O tabagismo é uma doença", alerta. Trata-se de dependência química
difícil de largar sem ajuda profissional. Gross lembra que das pessoas que
se propõem a largar o cigarro, de 35% a 40% conseguem fazer isso com a
ajuda de adesivo de nicotina, uso de antidepressivo ou terapia
comportamental. "Só de 5% a 10% dos fumantes que tentam parar de fumar
sozinhos, ou seja, sem nenhuma ajuda profissional têm sucesso."
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