Segunda-feira, 21 de abril de 2003

Inca estuda impacto do fumo sobre gastos
Levantamento também será feito por governos de Chile, Colômbia e México
ROBERTA PENNAFORT

RIO - O Instituto Nacional do Câncer (Inca) está selecionando pacientes que adoeceram por causa do fumo para levantar quanto o governo brasileiro desembolsa com tratamento e internação. Financiada pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), a pesquisa será feita no Brasil, Chile, Colômbia e México. O trabalho deve ser concluído em seis meses, quando será produzido um relatório conjunto. Só com doentes de câncer, o Sistema Único de Saúde (SUS) gasta cerca de R$ 198 milhões por ano.

O levantamento tem como objetivo calcular o volume de recursos empenhados pelo SUS em casos de câncer de pulmão, enfarte, bronquite crônica e enfisema provocados pelo cigarro. Esse mapeamento de custo será feito desde o diagnóstico até a cirurgia, quando necessária, incluindo gastos com remédios e exames. Em seguida, dados dos diferentes países serão comparados.

O Inca começou a coletar dados em março, em seu próprio hospital e outras unidades no Estado do Rio. No total, serão pesquisados mil doentes em todo o Brasil. A metodologia utilizada será a mesma aqui e nos demais países participantes da pesquisa.

Despesa - O Banco Mundial estima que o tratamento dos males decorrentes do uso do tabaco custem aos cofres públicos US$ 200 bilhões por ano - a metade desta soma, em países em desenvolvimento. No Brasil, segundo o Inca, ainda não é possível dizer com precisão quanto o governo brasileiro gasta com todas as doenças relacionadas ao tabagismo, pois o sistema de informações em saúde fornece apenas dados parciais. O número anual de mortes no País em decorrência do cigarro atinge 200 mil.

Quando esteve no Rio para participar de um encontro sobre tabagismo, na semana passada, o ministro da Saúde, Humberto Costa, disse que estuda aumentar o preço do cigarro brasileiro e usar a receita com a arrecadação dos impostos para tratar das vítimas do tabagismo, além de combater o contrabando. O cigarro vendido no Brasil é o sexto mais barato do mundo.

O diretor-geral do Inca, Jamil Haddad, é favorável à idéia. Ele defende a criação de uma taxa que incida sobre cada maço de cigarro. A arrecadação iria para um fundo de ajuda a pacientes com doenças causadas pelo fumo.





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