Inca estuda impacto do fumo sobre
gastos
Levantamento também será feito por
governos de Chile, Colômbia e México
ROBERTA PENNAFORT
RIO - O Instituto Nacional do Câncer (Inca) está selecionando
pacientes que adoeceram por causa do fumo para levantar quanto o governo
brasileiro desembolsa com tratamento e internação. Financiada pela
Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), a pesquisa será feita no
Brasil, Chile, Colômbia e México. O trabalho deve ser concluído em seis
meses, quando será produzido um relatório conjunto. Só com doentes de
câncer, o Sistema Único de Saúde (SUS) gasta cerca de R$ 198 milhões por
ano.
O levantamento tem como objetivo calcular o volume de recursos
empenhados pelo SUS em casos de câncer de pulmão, enfarte, bronquite
crônica e enfisema provocados pelo cigarro. Esse mapeamento de custo será
feito desde o diagnóstico até a cirurgia, quando necessária, incluindo
gastos com remédios e exames. Em seguida, dados dos diferentes países
serão comparados.
O Inca começou a coletar dados em março, em seu próprio hospital e
outras unidades no Estado do Rio. No total, serão pesquisados mil doentes
em todo o Brasil. A metodologia utilizada será a mesma aqui e nos demais
países participantes da pesquisa.
Despesa - O Banco Mundial estima que o tratamento dos males
decorrentes do uso do tabaco custem aos cofres públicos US$ 200 bilhões
por ano - a metade desta soma, em países em desenvolvimento. No Brasil,
segundo o Inca, ainda não é possível dizer com precisão quanto o governo
brasileiro gasta com todas as doenças relacionadas ao tabagismo, pois o
sistema de informações em saúde fornece apenas dados parciais. O número
anual de mortes no País em decorrência do cigarro atinge 200 mil.
Quando esteve no Rio para participar de um encontro sobre tabagismo,
na semana passada, o ministro da Saúde, Humberto Costa, disse que estuda
aumentar o preço do cigarro brasileiro e usar a receita com a arrecadação
dos impostos para tratar das vítimas do tabagismo, além de combater o
contrabando. O cigarro vendido no Brasil é o sexto mais barato do mundo.
O diretor-geral do Inca, Jamil Haddad, é favorável à idéia. Ele
defende a criação de uma taxa que incida sobre cada maço de cigarro. A
arrecadação iria para um fundo de ajuda a pacientes com doenças causadas
pelo fumo.
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