Edição 1961 . 21 de junho de 2006

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Saúde
Um inimigo no ar

Pesquisa americana revela
que bebês filhos de fumantes
estão mais expostos ao câncer

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Mais sobre câncer

A ciência já provou que o cigarro faz mal não somente aos fumantes. Sabe-se, há mais de uma década, que mesmo quem não fuma pode adoecer, caso esteja exposto à fumaça dos outros. Mas todas as evidências recolhidas até agora pela ciência sobre os chamados fumantes passivos ainda beiravam a inocência perto do que um grupo de cientistas americanos acaba de descobrir. Uma pesquisa recém-publicada pela revista Cancer Epidemiology Biomarkers & Prevention detectou níveis alarmantes de uma substância cancerígena na urina de bebês submetidos à fumaça do cigarro dos pais. O estudo foi realizado no Centro de Câncer da Universidade de Minnesota e reuniu 144 bebês, entre 3 meses e 1 ano de idade, cujos pais fumavam, em média, onze cigarros por dia. Em 67 deles a NNAL, substância produzida pelo organismo quando em contato com o tabaco, se apresentava em quantidade perigosa. Até então, os estudos avaliavam apenas crianças, adolescentes ou adultos. É a primeira vez que se pesquisa o efeito do cigarro sobre bebês. "A probabilidade de que essas crianças desenvolvam um câncer se torna muito maior que a de uma criança que não sofre essa exposição", diz Marcos Moraes, diretor de oncobiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Não se pode afirmar com precisão quem vai desenvolver um tumor algum dia por causa da fumaça do cigarro. O que os cientistas dizem é que a possibilidade do aparecimento da doença é maior entre aqueles expostos à fumaça. "A exposição tão prematura a agentes causadores de câncer pode ter efeitos muito nocivos no organismo dessas crianças", adverte o coordenador da pesquisa, o cientista americano Stephen Hecht. O dado perverso é que a fumaça que sai da ponta do cigarro é mais nociva do que a inspirada diretamente pelos fumantes. Sem a proteção do filtro, a fumaça tem conseqüências mais devastadoras no organismo. Nos pequenos, o efeito é ainda pior. "As crianças respiram mais rápido que os adultos e aspiram uma quantidade maior ainda de fumaça. Como o corpo delas é pequeno, a absorção também é bem maior", afirma a coordenadora do Programa Nacional de Controle do Tabagismo do Inca, Tânia Cavalcante. A curto prazo, os efeitos da exposição contínua ao tabaco refletem-se nos órgãos que recebem o primeiro contato com a fumaça e podem causar bronquite, asma, pneumonia e otite. Entre os adultos, o risco do câncer de pulmão é 30% maior e as probabilidades de contrair uma doença cardiovascular sobem para 25%. Ainda não há estatísticas sobre o surgimento da doença em bebês por causa da fumaça do cigarro. Na dúvida, o melhor a fazer é parar de fumar perto dos filhos e jamais acender um cigarro em ambientes fechados.

 

 

 
 
 
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