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ano novo
7 promessas de ano novo
Pesquisa indica que apenas 19% das pessoas conseguem manter as
promessas de Ano Novo por mais de 12 meses; veja os resultados de estar no
grupo que vai parar de fumar ou emagrecer em 2007
AMARÍLIS LAGE DA REPORTAGEM LOCAL
Ano Novo, vida nova. Esse é o espírito predominante
nesta época. Vontade de mudar, planos para acordar cedo, para correr no
parque, para se alimentar melhor. Muitos planos que duram até... a segunda
semana de janeiro. Não é pessimismo: uma em cada três pessoas abandona
as promessas de Ano Novo na primeira semana. Claro que há aqueles mais
persistentes que agüentam... um mês, prazo suficiente para que metade
desista das novas metas. Apenas 19% conseguem manter as mudanças por
mais de 12 meses, segundo pesquisa do ISMA-BR (International Stress
Management Association). Para Ana Maria Rossi, presidente da associação, o
principal motivo é a falta de organização. "Quem quer parar de fumar ou
perder peso precisa construir uma estrutura para que isso
ocorra." Outra boa dica para alcançar a meta é aceitar que nem tudo
dará certo na primeira tentativa. "Uma pessoa geralmente fracassa cinco
vezes antes de conseguir parar de fumar, por exemplo", diz Rossi. É
importante também saber que a construção dessa "vida nova" pode ter como
base mudanças simples no dia-a-dia. Como você vai ver a seguir, dormir
bem, usar protetor solar e administrar o estresse podem fazer maravilhas
por sua saúde a curto e a longo prazo.
1 LIDAR MELHOR COM O
ESTRESSE Quer período mais estressante do que fim de ano?
Congestionamentos, compras, inúmeras confraternizações... Não
surpreende, portanto, se a época também for acompanhada de dores de cabeça
e fadiga. Esses são alguns dos problemas que o estresse pode gerar, além
de dores musculares, ansiedade, angústia e distúrbios no sono. Os riscos
não param por aí. Uma pesquisa realizada pelo ISMA-BR com 746 pessoas
constatou que o estresse levou quase metade delas ao abuso de álcool e de
remédios. Não se deve, porém, tentar eliminar o estresse, e sim
controlá-lo. Isso pode ser feito por meio de técnicas como meditação ou
ioga -alguns estudos constataram que o gerenciamento do estresse pode, em
poucos meses, ter um efeito positivo sobre algumas doenças. Um desses
trabalhos, realizado na West Virginia University, acompanhou 35 pessoas
com altos níveis de estresse que tiveram sessões de meditação e de ioga.
Em três meses, o nível de estresse delas caiu pela metade e houve uma
queda de 46% nos sintomas médicos. EXPERIMENTE Respirar
lentamente quando estiver tenso.
2 SAIR DO
SEDENTARISMO Da próxima vez em que você pensar em desligar o
despertador para ficar mais tempo na cama, lembre-se: o sedentarismo piora
a qualidade do sono. Sem falar nas alterações que ele promove na produção
hormonal, no estímulo ao acúmulo de gordura, na diminuição na produção de
massa muscular e nos prejuízos para o coração. Para sair do grupo dos
sedentários, de acordo com Ricardo Munir Nahas, vice-presidente da
Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, basta gastar, por semana,
2.000 calorias além das usadas pelo metabolismo basal (para manter as
funções normais, como o batimento cardíaco e a respiração) -para uma
pessoa de 70 quilos, isso significa andar uma hora por dia. Mas o ideal é
fazer também exercícios de resistência muscular e de alongamento. As
melhorias não demoram: no primeiro mês, há maior eficiência cardiovascular
e melhor metabolismo do açúcar. E fica mais fácil realizar tarefas como
subir escadas. Com treinamento, é possível participar de uma corrida em um
ano. EXPERIMENTE Fazer exercícios três vezes por semana. Numa
freqüência menor, a prática precisa ser muito intensa para ter
efeitos.
3 EMAGRECER Para combater os males que a
obesidade pode causar à saúde, não conte os quilos. Conte os centímetros.
É a circunferência da cintura, mais do que o IMC (Índice de Massa
Corporal), que pode dar informações sobre a vilã dessa história: a gordura
visceral. Presente no abdômen, a gordura visceral gera excesso de ácido
graxo, elevando a pressão arterial e aumentando a propensão ao diabetes,
além de tornar o sono mais superficial, por meio da apnéia. A cintura
deve ter, no máximo, 88 centímetros para mulheres e 102 para homens,
segundo um dos padrões mais difundidos. Para os homens, a má notícia é que
eles têm uma tendência maior a acumular gordura visceral, e a boa, que
emagrecem mais facilmente. "Para quem emagrece e perde gordura
visceral, a conseqüência é brutal. A pessoa deixa de ter propensão ao
diabetes e à hipertensão. Em quem já tem esses problemas, é possível até
reverter o quadro", afirma Henrique Suplicy, presidente da Abeso
(Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome
Metabólica). Mas nada de perder peso a todo custo. A dieta deve ser
balanceada, com pelo menos 400 g de frutas, legumes e verduras por dia.
"Isso também reduz muito o risco de várias doenças", afirma Andrea
Galante, presidente da Asbran (Associação Brasileira de Nutrição). Além
disso, há uma melhora no funcionamento intestinal e a pele, os cabelos e
as unhas ficam mais fortes. EXPERIMENTE Levar frutas ao sair
de casa, para resistir a doces e salgados.
4 PARAR DE
FUMAR De acordo com dados internacionais, apenas 3% das pessoas que
tentam largar o cigarro conseguem superar o vício, afirma Jônatas
Reichert, presidente da comissão de tabagismo da Sociedade Brasileira de
Pneumologia e Tisiologia. Mas é possível melhorar suas chances. Se
houver ajuda profissional, esse índice sobe para 10%. Quando o
acompanhamento inclui o uso de medicamentos, de 30% a 35% das pessoas
conseguem parar. Tanta dificuldade tem explicação: o simples ato de
acender um cigarro envolve aspectos psicológicos, de condicionamento (a
rotina) e fisiológicos (a dependência química). Para vencer o vício,
portanto, é preciso agir nessas três frentes. Para as duas primeiras, a
recomendação é um acompanhamento cognitivo-comportamental. Enquanto isso,
o mal-estar decorrente da abstinência da nicotina pode ser abrandado com
adesivos ou chicletes. Para quem vencer essa luta, os resultados
compensam. Em 30 dias, o olfato e o paladar ficam mais aguçados. No mesmo
período, será possível perceber uma melhora na aptidão física. Já os pés e
mãos, que ficavam frios devido à ação da nicotina no sistema circulatório,
passarão a ficar mais aquecidos. Dentro de três ou quatro meses, o
cheiro corporal típico dos fumantes muda, e o mau hálito diminui. Um
processo mais demorado é a perda da coloração amarela entre os dedos, que
sumirá quando a pele descamar. Em um ano, o risco de sofrer um infarto
ou um AVC (acidente vascular cerebral) cai cerca de 50%. O risco de ter um
infarto praticamente se iguala ao de quem nunca fumou num período de dois
anos. O de ter um AVC se equipara ao dos não-fumantes em cinco
anos. Quanto ao risco de câncer de pulmão, ele persiste de 15 a 20
anos. Mas isso não deve ser motivo de desânimo, afinal, quanto antes você
parar de fumar, melhor vai chegar a 2027. EXPERIMENTE Mudar
de ambiente quando a fissura surgir -provavelmente ela foi desencadeada
por algum estímulo ali presente e mudar de local vai ajudar. Beber água
gelada, assim como mastigar cravinhos, cristais de gengibre e pedaços de
gelo também ajudam a tirar a vontade de fumar.
5 SER MAIS
ORGANIZADO Desorganização não é doença -embora seja fonte de dor de
cabeça para muitas mães de adolescentes. Sem organização, contudo, é
bem mais difícil incorporar ao dia-a-dia hábitos que podem melhorar a
saúde, como se exercitar e comer melhor. Para ter um maior controle, o
primeiro passo é avaliar o contexto atual e ver que aspectos ajudam ou
atrapalham a sua meta, afirma Ana Maria Rossi, do ISMA-BR. "Quem quer
emagrecer deve ver se a empresa não serve comida gordurosa. Se isso
ocorrer, tem que criar uma solução, como trazer a comida de casa",
exemplifica. Em seguida, estabeleça a sua meta da forma mais clara,
específica e realista possível. "Escreva tudo o que você acha que será
necessário por ordem de prioridade e trace um plano de ação", afirma Laura
Bortolai, da empresa de organização doméstica Help Home. A partir daí,
estabeleça prazos -isso mesmo, no plural. É mais fácil encarar a mudança
quando ela é "quebrada" em várias etapas. Lembre-se de comemorar cada fase
e não desanime se algo sair do previsto. "É preciso saber o que ocorreu e
ajustar o plano", diz Rossi. Como um benefício extra, a organização
ajuda a diminuir o estresse. "Sem objetivos nem prazos definidos, os
resultados podem ser frustrantes, gerando ansiedade", diz
Bortolai. EXPERIMENTE Usar de verdade alguma daquelas agendas
que você ganhou de brinde.
6 DORMIR MELHOR Para quem
sofre de insônia, não há pesadelo maior que uma noite em claro. Dormir mal
gera cansaço, dor de cabeça, dificuldade de concentração e
irritabilidade. O mesmo ocorre com quem, embora não tenha problemas
para dormir, tem um sono de má qualidade, o que pode decorrer tanto de
fatores ambientais (luz, temperatura e ruído) quanto fisiológicos, como a
apnéia. Isso prejudica alguns dos efeitos mais importantes do sono,
como o processamento das informações recebidas ao longo do dia e a
liberação de substâncias como o hormônio do crescimento, responsável pelo
desenvolvimento celular e ligado ao vigor do organismo. Para melhorar a
qualidade do seu sono, é preciso descobrir quanto você precisa dormir por
dia. Há quem se satisfaça com seis horas e quem necessite de oito -a maior
parte da população se encontra entre esses dois limites. O fundamental é
saber que quem precisa de oito não pode dormir apenas seis. Em seguida,
estabeleça horários fixos para se deitar e para se levantar. Mudanças na
hora de dormir afetam a liberação da melatonina, substância responsável
pela indução ao sono. Quem seguir essa rotina vai perceber as melhoras
no primeiro mês, afinal, é durante o sono que o corpo se recupera para o
dia seguinte. "Se a pessoa não sofrer de nenhuma patologia relacionada
ao sono, ela vai se sentir, nesse período, mais bem disposta, mais atenta,
com uma memória mais aguçada e uma maior capacidade de concentração",
afirma Anna Karla Alves Smith, neurologista do Instituto do
Sono. EXPERIMENTE Evitar, antes de dormir, bebidas com
cafeína e atividades físicas, que alteram a liberação de
melatonina.
7 PASSAR PROTETOR SOLAR Aí está mais um
cuidado que todo mundo sabe que tem que ter, mas poucos levam a sério,
apesar de o câncer de pele ser o de maior incidência no mundo. O tipo
de protetor e a intensidade dos benefícios gerados variam de pessoa para
pessoa, conforme a cor da pele e a quantidade de exposição ao sol. Mas
todos precisam do produto para evitar os efeitos nocivos dos raios
ultravioleta, que são cumulativos. "É como se o corpo fosse um copo e a
luz solar, a água que vai pingando até o copo transbordar. Quem se
proteger todos os dias no próximo ano bloqueia esse processo durante o
período", compara Jayme de Oliveira Filho, do departamento de cosmiatria
da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Mulheres na menopausa têm um
motivo a mais para usar o produto: a pele delas tende a perder 1% de
colágeno por ano. Como um dos fatores que levam a essa perda é a agressão
causada pelos raios ultravioleta, o protetor solar ajuda a minimizar esse
problema. O novo hábito, porém, não é capaz de promover a recuperação
de danos já existentes. Isso significa que as manchas causadas pelo sol,
por exemplo, não diminuirão se não houver, concomitantemente ao uso do
protetor solar, a utilização de produtos específicos para esse fim. Se,
mesmo disposto a adotar esse cuidado, você se descuidar e se expuser ao
sol sem proteção, uma medida que pode dar bons efeitos se for adotada em
seguida é a aplicação de um hidratante pós-sol. "Ele ajuda a manter a
camada lipoproteica da pele e reduz os efeitos lesivos que os raios
ultravioleta causam no corpo", afirma Oliveira
Filho. EXPERIMENTE Ensinar as crianças a usarem o protetor
solar sempre. Quando o hábito é adquirido na infância, é mais fácil
mantê-lo ao longo da vida.
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