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Receita e PF desmontam sonegação de IPI com
cigarro
Foram presas 15 pessoas; prejuízo somou R$ 100 mi
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de mais de um ano de investigação, a Receita Federal e policiais
federais desmontaram ontem um esquema de sonegação fiscal, comandado por
uma distribuidora de cigarros, que atuava em dez Estados e deixou de
recolher R$ 100 milhões em impostos no período de um ano e meio. Entre
as 15 pessoas presas estão uma auditora fiscal de Osasco (SP), que
repassava à quadrilha informações sigilosas, além de contadores, diretores
e proprietários de duas fábricas de cigarros populares localizadas em São
Paulo -a Sudamax, em Cajamar, e a Itaba, em Baueri-, segundo agentes que
participaram da operação, batizada pelos fiscais e policiais de "Reluz".
Na operação, 87 servidores da Receita e 228 policiais cumpriram mais 3
mandados de prisão e 49 de busca e apreensão. Para deixar de recolher o
IPI, foi montada a distribuidora Huss Willians, que tinha sede em Barueri
e 11 filiais espalhadas por São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Paraná, Mato Grosso, Bahia, Pernambuco, Paraíba e Rondônia, segundo apurou
a Folha. "A distribuidora funcionava como uma empresa de fachada para
conseguir liminares e garantir a venda dos cigarros sem o recolhimento do
IPI na fábrica. Porém, ao repassar o produto ao varejo, o imposto era
embutido no preço", diz Paulo Jakson, superintendente-adjunto da Receita
em São Paulo. A Folha procurou representantes das duas empresas e da
distribuidora e não conseguiu localizar ontem advogados ou diretores dos
três estabelecimentos. Sem fornecer detalhes ou nomes, a PF divulgou nota
ontem informando que a distribuidora também estaria sendo usada por
empresas do ramo de bebidas, principalmente cervejarias, para fugir do
pagamento de impostos. Em outubro do ano passado, a PF havia prendido
97 pessoas em oito Estados, sob acusação de fabricação e comércio ilegal
de cigarros, durante a operação "Bola de Fogo". Na ocasião, a Sudamax foi
considerada como uma das mentoras do esquema, e, segundo os fiscais,
deixou de pagar R$ 720 milhões em impostos nos últimos cinco anos. A PF
constatou na operação de ontem que um dos líderes da quadrilha é membro de
uma família de classe alta do interior de Minas Gerais -ele atuava como
lobista da distribuidora. O dinheiro dos golpes era sacado na boca do
caixa ou transitava por contas-laranja. A Receita constatou que os valores
eram gastos em cassinos clandestinos ou aplicados em imóveis de alto
padrão, como uma casa em Trancoso (BA), fazendas, carros de luxo,
embarcações e aeronaves mantidos no nome das concessionárias que os
vendiam. Foram apreendidos ontem R$ 600 mil em dinheiro. (CR)
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