Sábado, 26 de abril de 2003

Ministro prepara medidas severas contra o fumo
Humberto Costa promete aumentar preço do cigarro e restringir pontos-de-venda
LÍGIA FORMENTI

BRASÍLIA - Duramente criticado por ceder às pressões e tornar mais branda a legislação contra a propaganda do cigarro, o Ministério da Saúde agora vai tentar reparar sua imagem. Duas medidas consideradas o bê-á-bá na luta antitabagista, a restrição dos pontos-de-venda e o aumento do preço dos cigarros, estão sendo preparadas. O ministro da Saúde, Humberto Costa, afirmou que em breve a venda dos cigarros será limitada a alguns pontos.

Entre os candidatos à proibição de venda estariam supermercados e padarias.

Além disso, Costa quer apressar o aumento do preço do cigarro brasileiro, o quinto mais barato do mundo. A idéia, que já havia sido anunciada, deverá ser discutida durante uma reunião com o ministro Antônio Palocci. A proposta é muito semelhante à que foi feita pelo antecessor de Costa, José Serra: a verba obtida com o aumento de preço seria usada para criar um fundo para pesquisa e tratamento de pacientes com doenças provocadas pelo tabaco. Mas com uma diferença: parte da verba seria usada também para combater o contrabando do cigarro.

Esse adendo foi a solução encontrada pelo ministério para combater a resistência ao aumento do preço: "Se houver maior infra-estrutura para deter o contrabando, não há motivo para barrar a proposta", ponderou Costa.

O ministro da Saúde ainda não definiu se a restrição dos postos de venda e o aumento de preços serão feitas simultaneamente.

As duas medidas podem reverter o desgaste provocado com a alteração da lei que restringe a propaganda do cigarro. Principalmente para o ministro, que, durante seu discurso de posse, prometeu "ser implacável contra o cigarro".

Exigência - A mudança foi definida em uma Medida Provisória assinada às vésperas do Grande Prêmio de Fórmula-1, em São Paulo.

Com ela, carros puderam correr exibindo o logotipo de marcas de cigarro, patrocinadoras de várias escuderias. Uma exigência para que o Brasil fosse mantido no calendário de F-1.

"Para respeitar o contrato e garantir a corrida no Brasil, fizemos a alteração", justificou o ministro durante reunião do Conselho Nacional de Saúde, em Brasília. Ele voltou a defender a atitude, dizendo que a medida provisória agora determina a exibição de alertas, pela TV, sejam eventos esportivos realizados no País, sejam no exterior.

Durante a reunião, Costa sugeriu que integrantes do conselho pressionassem deputados para tornar o projeto de conversão da MP em lei "ainda mais dura".

O presidente da Sociedade Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), José Noronha, que integra o conselho, disse que vai defender o retorno da proibição da exibição de cartazes de fabricantes de cigarros, quando forem patrocinadores de eventos esportivos. "Foi um retrocesso e tanto." Mas ele deverá lutar pela manutenção dos avisos veiculados pela TV, quando forem transmitidas corridas realizadas no exterior.





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