ASSINEBATE-PAPOBUSCACENTRAL DO ASSINANTEE-MAILSHOPPING UOL


S�o Paulo, ter�a-feira, 28 de novembro de 2006

Texto Anterior | Pr�ximo Texto | �ndice

sociais&cias.

Cigarro e bebida investem em a��o social

Fabricantes de produtos nocivos � sa�de intensificam programas de responsabilidade social para melhorar imagem

Souza Cruz se candidata ao �ndice de sustentabilidade da Bovespa pela segunda vez; nova carteira ser� divulgada na quinta-feira


JULIANA GAR�ON
COLABORA��O PARA A FOLHA

Acusadas de tentar ganhar a aprova��o da popula��o com a��es sociais, fabricantes de produtos tidos como nocivos ao consumidor, principalmente as fabricantes de cigarros e de bebidas alco�licas, v�m tentando construir a imagem de socialmente respons�veis. Em busca desse reconhecimento, a Souza Cruz vai ao mercado: pela segunda vez, a tabaqueira tenta fazer com que suas a��es entrem na composi��o do ISE, o �ndice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa (Bolsa de Valores de S�o Paulo), que re�ne pap�is de companhias mais bem avaliadas em quesitos de responsabilidade social.
A composi��o do �ndice deve ser anunciada na pr�xima quinta. A Philips Morris, que, junto com a Souza Cruz, domina o mercado brasileiro de cigarros, n�o tem capital aberto.
Das cervejeiras, s� a AmBev, dona das marcas Antarctica, Brahma e Skol, est� listada na Bolsa. Em 2005, a companhia n�o respondeu o question�rio da Bovespa por n�o concordar com os crit�rios nele usados. Voltou a declinar neste ano, informando que "alguns dados que seriam usados no �ndice ainda n�o s�o auditados".
A cria��o do �ndice envolveu uma acalorada discuss�o sobre os crit�rios para definir quem pode pleitear o t�tulo de "socialmente respons�vel". Em abril, o Ibase (Instituto Brasileiro de An�lises Sociais e Econ�micas), organizador do Pr�mio Balan�o Social, retirou-se do conselho que preparava o ISE depois que a maioria decidiu pela n�o-exclus�o pr�via de empresas de armas, tabaco e bebidas alco�licas. "Houve tr�s vota��es e nas duas primeiras a exclus�o pr�via venceu. Mas tr�s empresas visitaram os institutos participantes e, depois disso, houve a terceira vota��o", conta o cientista pol�tico Ciro Torres, coordenador de responsabilidade social e �tica nas organiza��es do Ibase.
Entre os que votaram pela n�o-exclus�o pr�via estava o Instituto Ethos de Responsabilidade Social. "Prevaleceu a id�ia de que elas podem disputar porque t�m licen�a para operar, dada pela sociedade. H� perguntas que geram pontua��o negativa para as produtoras de itens nocivos", diz o presidente Ricardo Young.
Para ele, a celeuma sobre a exclus�o pr�via abre campo para o debate "tolo" sobre quais s�o os setores mais danosos. Na vers�o deste ano, o question�rio ampliou as quest�es de pontua��o negativa para produ��o de itens nocivos.

Par�metros
As ind�strias de tabaco admitem os males que o h�bito de fumar causa ou pode causar, mas se defendem frisando a liberdade de escolha dos consumidores. Elas destacam suas a��es com o objetivo de desestimular a inicia��o de jovens no h�bito de fumar. E entendem que a classifica��o de "socialmente respons�vel" est� vinculada a par�metros mais amplos do que os itens produzidos.
"Adultos n�o precisam ser tutelados, mas informados e orientados quanto aos riscos associados ao ato de fumar", diz Glauco Humai, gerente de responsabilidade social da Souza Cruz. A soci�loga Paula Johns, coordenadora da ACT (Alian�a de Controle do Tabagismo), discorda. "Na psicologia e na psiquiatria, n�o h� livre arb�trio quando h� v�cio."
Para ela, os programas voltados a jovens, focados na conscientiza��o de varejistas para que n�o vendam cigarros a menores de idade, s�o "engodo". "As pesquisas mostram que essas a��es fazem efeito contr�rio porque legitimam os cigarros como produtos para o mundo adulto -que � o discurso das tabaqueiras. Isso cria um "ritual de passagem". E, mesmo com as restri��es, a publicidade est� em todos os lugares."
Para pleitear o t�tulo de socialmente respons�veis, diz ela, elas teriam "de parar de brigar contra medidas que reduzem o consumo, como aumento de pre�o -o cigarro brasileiro � o sexto mais barato do mundo- e de fazer lobby para combater a proibi��o de fumar em ambientes fechados".

Consumo respons�vel
A Souza Cruz informa que ap�ia 20 projetos de preserva��o do ambiente, desenvolvimento local e educa��o e investiu cerca de R$ 190 milh�es neste ano em "a��es de responsabilidade social". A Philips Morris tamb�m financia uma s�rie de projetos, mas n�o informa os aportes.
A AmBev se considera socialmente respons�vel e se ap�ia na convic��o de que nocivo n�o � o �lcool, mas seu uso abusivo.
Por isso, investe em campanhas com objetivos de estimular o "consumo respons�vel" e de evitar o consumo pelos menores de idade. A companhia tamb�m incentiva seus funcion�rios a abordar o assunto em conversas com os filhos. A Femsa, dona da Sol, Tekate e Dos Equis, adota estrat�gia parecida. Nenhuma delas informa quanto investe nas a��es.
A Schin, fabricante da Schincariol, foi procurada pela reportagem, mas n�o se manifestou sobre o assunto.


Texto Anterior: Brasil sugere comprar mais para vender carne a russos
Pr�ximo Texto: Breves

�ndice



Copyright Empresa Folha da Manh� S/A. Todos os direitos reservados. � proibida a reprodu��o do conte�do desta p�gina em qualquer meio de comunica��o, eletr�nico ou impresso, sem autoriza��o escrita da Ag�ncia Folha.