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SAÚDE

Aliados na guerra à nicotina

Novos métodos prometem livrar fumantes do cigarro. Mas a força de vontade ainda é fundamental

Suzane Frutuoso

» Saiba mais sobre o fumo e sobre como deixar o vício  

Parar de fumar é tarefa árdua. Dificilmente alguém consegue se livrar do cigarro sem algum substituto que libere nicotina no organismo - como as gomas de mascar e os adesivos. Em datas como 29 de agosto, Dia Nacional de Combate ao Fumo, muitos fumantes tomam a decisão de abandonar o tabaco de vez. A boa notícia é que já existem métodos contra o vício que anunciam funcionar sem causar os efeitos colaterais da abstinência.

Desde julho no Brasil, um novo tratamento promete bloquear os receptores de nicotina no cérebro por meio de injeções. A substância utilizada é uma mistura de ansiolíticos e escopolamina - comuns para tratar distúrbios mentais. Batizado de bloqueio colinérgico (por usar os receptores assim chamados do sistema nervoso central), ele evita as temidas reações da abstinência, como taquicardia, nervosismo e fome. 'Essas reações são os gatilhos para cair na tentação de mais uma tragada', diz o biomédico e clínico geral cubano, radicado no Estados Unidos, Sergio Menendez, que trouxe o método para o país em parceria com o Instituto Menetrier, de São Paulo.

Até o momento, 120 pessoas se submeteram às três injeções, que custam R$ 2.680. 'A dosagem depende da quantidade de nicotina no corpo do paciente', afirma o médico. A idéia é atender mil pacientes até dezembro - e já há fila de espera. É necessário um tratamento coadjuvante, de outros R$ 1.200, com um adesivo e pílulas que contêm a mesma substância da injeção para ser tomadas durante os primeiros 14 dias. Nos Estados Unidos e na Europa, o método é aplicado há dois anos, com sucesso em 90% dos casos.

Mas nada na vida é milagre, ressalta Menendez. 'Depois das injeções o paciente precisa mudar seus hábitos. Deve evitar bebidas que 'chamam' o cigarro, como café e álcool, e encontros sociais em que muitas pessoas estarão fumando.' O método não é indicado para portadores de insuficiência cardíaca severa e insuficiência hepática.

No futuro, talvez seja possível apenas tomar uma pílula ou se vacinar contra o vício. O laboratório francês Sanofi-Aventis está desenvolvendo o medicamento Acomplia para a redução da obesidade abdominal. Mas estudos revelaram que o remédio pode atuar também contra o tabagismo por bloquear o sistema dos receptores endocanabinóides. Animadores resultados mostram que, entre os 784 pesquisados, a maioria dos fumantes parou durante quatro semanas. E com uma vantagem extra: sem engordar. Apesar de já estar em fase de aprovação, ainda não há previsão de quando será liberado.

A empresa farmacêutica Cytos Biotechnology, da Suíça, anunciou em maio uma pesquisa com 341 fumantes entre 18 e 70 anos. Dois terços receberam uma vacina que estimula a produção de anticorpos no organismo que se ligam à nicotina, impedindo-a de chegar ao cérebro. Assim, ela deixa de proporcionar qualquer sensação de satisfação. Mesmo que fume, o usuário não sentirá nada. Dos vacinados, 60% ficaram sem fumar ao menos por 16 semanas e desenvolveram uma alta taxa de anticorpos antinicotina. O próximo estágio do estudo será conduzido em 2007. Se os resultados forem positivos, a vacina chegará ao mercado em 2010.

FUTURO SEM FUMAÇA Os novos tratamentos prometem grandes avanços
Bloqueio colinérgico
Injeções com ansiolíticos bloqueiam os receptores de nicotina no cérebro
Pílula
Participantes dos estudos do medicamento Acomplia pararam de fumar
Vacina
Estimula a produção de anticorpos que se ligam à nicotina, impedindo-a de chegar ao cérebro

 







Edição 380 - 29/08/05



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