A metade das crianças de todo o mundo é
exposta à fumaça do cigarro segundo alertou hoje a Organização
Mundial da Saúde (OMS), que pediu a todos os países que
erradiquem o uso do tabaco dos lugares públicos e do trabalho.
Frente à celebração na próxima quinta-feira do Dia Mundial
sem Tabaco, a OMS quer chamar a atenção este ano sobre a
necessidade de proteger os "fumantes passivos".
"É evidente que não existe um nível de
exposição mínimo à fumaça sem perigo", assegurou hoje Margaret
Chan, diretora geral da OMS, em cuja sede é proibido fumar e
que, inclusive, desde dezembro de 2005, não contrata fumantes.
"Muitos países já tomaram medidas, por isso
que convido todos os outros para fazer o mesmo o mais rápido
possível, adotando leis para exigir que todos os lugares
públicos e de trabalho fechados fiquem 100% livres de fumaça",
acrescentou.
A fumaça do cigarro contém cerca de quatro
mil substâncias químicas conhecidas, entre elas mais de 50
cancerígenas, segundo a OMS, que adverte que o tabagismo
passivo causa cardiopatias e graves doenças respiratórias e
cardiovasculares suscetíveis de provocar a morte prematura
entre adultos.
Além disso, entre as crianças também causa
doenças e agrava afecções já existentes, como a asma. Segundo
uma pesquisa realizada pela OMS, em colaboração com outras
organizações, entre estudantes de 13 a 15 anos de 132 países,
43,9% dos entrevistados estavam expostos à fumaça do tabaco em
suas casas e 55,8% nos lugares públicos.
Já 76,1% deles eram a favor de proibir o
cigarro nos lugares públicos, segundo os dados divulgados hoje
pela OMS a partir das entrevistas feitas entre 1999 e 2005
para essa mesma pesquisa.
Junto ao custo de vidas e de saúde que o
tabagismo passivo possa ter, a OMS assegura que existem muitos
outros custos diretos e indiretos, defendendo, por exemplo,
que um centro de trabalho onde se fuma seja mais caro que
outro no qual não se fuma, devido às despesas de renovação,
limpeza, risco de incêndios e possíveis taxas de seguros mais
altas.
Douglas Bettcher, diretor da Iniciativa da
OMS por um Mundo sem Tabaco, acredita que a escolha do
"tabagismo passivo" com tema deste ano contribui para
impulsionar o pedido da sociedade para se criar um grande
número de lugares sem fumaça.
O tabaco mata cinco milhões de pessoas ao ano
e é a principal causa de mortalidade evitável no mundo todo,
embora seu crescimento é especialmente preocupante nos países
em desenvolvimento, onde já acontecem cerca da metade das
mortes. A OMS prevê que em 2030, oito de cada dez mortes
ligadas ao tabaco acontecerão no mundo em desenvolvimento.