Bares e restaurantes
do Rio têm alto índice de fumaça
Embora tenha a menor proporção de fumantes,
atingindo 17,5% de sua população, o Rio apresenta o segundo maior
índice de poluição causada pelo tabaco dentro de restaurantes e
bares entre sete grandes cidades da América Latina, segundo pesquisa
da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e da Escola de Saúde
Pública Johns Hopkins Bloomberg, divulgada ontem no Instituto
Nacional de Câncer (Inca).
O levantamento revela o
descumprimento da lei federal 9.294, de 1996, que autoriza o fumo em
recintos coletivos, desde que em áreas exclusivas, devidamente
isoladas e com arejamento conveniente. Assim como no Rio, os maiores
níveis de nicotina foram detectados em bares e restaurantes,
seguidos de prédios do governo, hospitais, aeroportos e
escolas.
"Não existe nenhum estabelecimento adequado, onde,
de fato, não haja circulação da fumaça dentro do ambiente, expondo
as pessoas que não fumam à poluição causada pelo tabaco. A separação
das áreas não funciona", alertou a coordenadora do Programa Nacional
de Controle do Tabagismo do Ministério da Saúde e chefe da Divisão
de Controle do Tabagismo do Instituto Nacional de Câncer (Inca),
Tânia Cavalcante, sugerindo que a melhor maneira de evitar a
exposição involuntária ao fumo é proibi-lo dentro de ambientes
fechados.
Diante do desrespeito à legislação e das graves
conseqüências do fumo também entre os não-fumantes, o governo
iniciou ontem uma campanha de esclarecimento sobre o tabagismo
passivo, terceira maior causa de morte evitável no mundo, de acordo
com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Apesar de a
legislação federal ter sido regulamentada no Rio em 2000, o trabalho
de fiscalização começou apenas no ano passado. De lá para cá, cinco
estabelecimentos foram multados, segundo o superintendente da
Secretaria de Vigilância Sanitária do município, Fernando Villas
Bôas. "Fizemos um trabalho educativo. Agora estamos punindo", disse.
As multas chegam a R$ 3 mil.
Para tentar proteger a categoria
dos danos causados pela fumaça do tabaco e derivados, o presidente
do Sindicato de Garçons, Barman e Maîtres do Estado do Rio, Waltair
Mendes Rodrigues, disse ontem que vai solicitar ao ministério que
baixe uma portaria determinando uma avaliação pulmonar compulsória
do profissional durante o exame demissional. "Precisamos de algo
mais rigoroso para saber como isso está nos afetando. Não temos
dados concretos sobre isso, mas pode ser que muitos já tenham ficado
prejudicados por causa do hábito de fumar dos outros", sugeriu,
contando ter dois amigos garçons que apresentaram problemas
pulmonares.