SYDNEY (Reuters) - Um grupo australiano de combate ao tabagismo lançou
na quinta-feira uma nova campanha publicitária que, de tão forte, teve sua
exibição proibida no horário nobre da TV.
O comercial da entidade Quit, que coincide com o Dia Mundial Sem
Tabaco, mostra um procedimento cirúrgico e recebeu a classificação M (para
públicos maduros), o que o impede de ser mostrado no começo da noite -- só
pode aparecer em programas também classificados como M.
A propaganda mostra uma endarterectomia, cirurgia realizada para
reduzir o risco de derrames. A operação limpa bloqueios da artéria no
pescoço, impedindo a ida de coágulos para o cérebro.
Suzie Stillman, diretora-interina da Quit, disse não se arrepender por
o grupo não ter feito concessões na campanha, que ela considera ser algo
na linha "reality show" em seu grau máximo.
Segundo ela, fumantes têm cerca do dobro de chance de ter um derrame,
embora menos de um em cada 10 fumantes sejam capazes de identificar o
cigarro como causa.
"Há uma necessidade desesperada de transmitir aos fumantes as
consequências potencialmente devastadoras para a saúde do uso do tabaco, e
não deveríamos sanitizar essa mensagem", disse Stillman.
"Esta campanha não deveria ser fácil de assistir, mas os efeitos
sanitários do fumo raramente são bonitos", disse ela em nota.
A Organização Mundial da Saúde propôs nesta semana a proibição global
do fumo em ambientes de trabalho e locais públicos fechados, dizendo ser
essa a principal causa de mortes evitáveis no mundo.
Cerca de 200 mil pessoas morrem por ano devido à exposição ao tabaco no
trabalho, enquanto cerca de 700 milhões de crianças, metade do total
mundial, respiram ar poluído por fumaça de cigarros, segundo a OMS.
(Por Michael Perry)