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Quinta-feira, 31 maio de 2007   edições anteriores
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  Estudo mostra lobby da indústria do tabaco no País

Documento aponta que empresas tentaram influenciar mídia e associação de bares, além de pagar pesquisa

Teste seu vício em nicotina

Lisandra Paraguassú, Brasília

Um relatório divulgado ontem pela Organização Pan-americana de Saúde (Opas) mostra que as principais fábricas de cigarros que atuam no Brasil tentaram influenciar empresas jornalísticas e associações de bares e restaurantes, financiaram pesquisas e patrocinaram campanhas por “liberdade de escolha” e convivência “harmoniosa” entre fumantes e não-fumantes. Hoje é celebrado o Dia Mundial sem Tabaco.

O relatório tem como base documentos das próprias empresas, tornados públicos nos Estados Unidos e no Canadá depois de ações judiciais naqueles países, sedes das empresas. Mostra que a indústria tentou conter o avanço da legislação que bania o fumo em locais públicos e evitar que o Brasil assinasse a Convenção-Quadro sobre Controle do Tabaco da Organização Mundial de Saúde.

Os documentos vão até 2004, e o relatório é a primeira fase do trabalho de análise do material feito pela Opas. A intenção é aprofundar cada ponto em relatórios subseqüentes. Nesse primeiro, a organização mostra que as indústrias começaram atacando a idéia de que o tabaco causava dependência, como outras drogas. Depois, a de que o fumo passivo também causava doenças como câncer.

Um dos maiores investimentos no Brasil foi em programas de convivência entre fumantes e não-fumantes. Quando o governo brasileiro adotou legislação que estabelecia áreas para não-fumantes em ambientes fechados, ela foi vista como uma vitória pela indústria. Segundo o relatório, as fabricantes de cigarros trabalharam de perto com associações de bares e restaurantes - seus profissionais chegaram a usar cartões de visitas das associações - em defesa de leis menos restritivas.

Além do marketing agressivo, com patrocínio de eventos culturais e esportivos, a indústria investiu em seminários com jornalistas. Os encontros, um deles realizado em Miami, juntavam diretores das empresas com especialistas e pesquisadores patrocinados pela indústria.

Em um dos relatórios, representantes das indústrias comemoram os resultados: “Cada gerente da British American Tobacco (dona da Souza Cruz no Brasil) reforçou a alta qualidade do seminário e os resultados positivos na mídia, com especial ênfase naqueles que, antes de participarem, tinham posições fortemente contra o tabaco.” A estratégia teria sido tão bem-sucedida que os representantes da BAT teriam sugerido repetição em outras regiões do mundo.

   



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