Álcool é morte

Ricardo Teixeira, vereador pelo PSDB

Uma notícia há alguns dias me deixou extremamente feliz. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai regulamentar novas regras para proibir a veiculação de propaganda de bebidas alcoólicas entre 8 e 20 horas no rádio e na TV. E mais: as publicidades em jornais, revistas e internet deverão vir acompanhadas com mensagens sobre os problemas que o álcool traz, como acidentes de trânsito, má formação de bebês e até abuso sexual.

Isso sem dúvida é um ganho para a vida. O álcool só traz a morte. Uma pesquisa do Instituto Médico Legal de São Paulo, de 1999, analisou mais de 10 mil fichas de mortes violentas e, pasmem!, 47% das pessoas mortas em acidentes ingeriram bebidas alcoólicas. São os jovens que saem das famosas 'baladas' e vão para casa.

A exemplo do cigarro, acredito que a propaganda estimula a vontade de beber do motorista, pois os comerciais sempre mostram pessoas felizes e saudáveis consumindo o álcool. Eu tenho filhos adolescentes e sei do que estou falando. Quando eles vêem as propagandas comentam: 'Quem bebe é bonito, rico e inteligente. Eu quero ser igual ao ator daquela novela e ficar com um monte de mulheres do meu lado.' É uma pena que depois os anunciantes não mostrem o que realmente acontece: um velório com muitas mulheres. Mães, irmãs e avós chorando a morte de um ente querido por causa de uma 'simples' lata de cerveja. É necessário um programa de educação e conscientização, além de leis mais rígidas, que acabem com mortes banais neste país. Eu não consigo continuar a ver jovens morrendo nos acidentes.

Se contabilizarmos todo o dinheiro gasto com os profissionais envolvidos em acidentes - médicos, advogados, processos, etc., - o custo total gira em torno de R$ 15 bilhões por ano indo para o ralo. Tanta verba desviada de programas sociais que auxiliam a comunidade carente para atender os vitimados do álcool. Está mais do que na hora de percebermos que a vida é frágil e o trânsito violento.

Fonte: Jornal da Tarde em 15-04-2007.