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Publicidade não é principal objetivo
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto a
indústria se prepara para um possível embate, investindo em ações que
melhoram a imagem, o governo patina há nove meses na definição de uma
política de controle do álcool. Na semana passada, em São Paulo, o
ministro da Saúde, Humberto Costa, revelou que já aceita abrir mão da
proibição de propaganda, algo que defendia quando iniciou sua gestão. "Um
foco é a questão dos grupos de risco, principalmente crianças e
adolescentes. O problema da publicidade é uma parte. A minha preocupação é
com os grupos vulneráveis à bebida e com trânsito", disse
Costa. Especialistas apontam que a indústria investe forte contra o
beber e dirigir porque isso não afeta o consumo -é o mesmo que dizer beba,
mas vá de táxi. "Trabalharemos fortemente em fazer cumprir a lei no que
diz respeito a não vender bebida alcoólica para menores e mexer nessa
legislação que trata do bafômetro." Sobre ser contra a propaganda no
início de sua gestão, o ministro diz: "Não mudei. O problema é que nem
sempre o que a gente quer tem condições de
viabilizar".
Multa A Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária) multou o Sindcerv (Sindicato Nacional da Cerveja) em
R$ 35 mil pela publicação de um livro que vendia cerveja como remédio, uma
tentativa da indústria de unir ciência e álcool. Com 2.500 cópias
distribuídas a políticos, médicos e pessoas ligadas à indústria, o livro
falava de supostos benefícios digestivos, calmantes e até de melhoras nos
sintomas da menopausa, tudo sem comprovação científica e usando um texto
marqueteiro. A denúncia chegou à agência em 2001, mas o órgão só foi
multar o sindicato em fevereiro passado. Atribuiu a demora a processos
administrativos e a excesso de demanda. O sindicato recorreu. Segundo
Maria José Delgado Fagundes, da Gerência de Propaganda da Anvisa, os
bancos de dados usados pelo sindicato não eram confiáveis. "Foram baixados
sem critério." O Sindcerv disse que não se pronunciaria porque o material
estava proibido. A Folha voltou a procurá-lo para tratar do recurso, mas
não conseguiu ouvir a diretoria. (FL)
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