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GERAL O ESTADO DE S.PAULO
Sábado, 17 de janeiro de 2004

Grupo quer banir cerveja da TV antes das 23 h
Proposta de comissão será encaminhada a ministro, apesar de falta de consenso

LÍGIA FORMENTI

BRASÍLIA - O grupo interministerial criado para definir uma política nacional contra o alcoolismo recomendou limitar a propaganda de bebidas na televisão ao período das 23 às 6 horas. A decisão, que não é consensual, foi tomada anteontem, durante reunião de encerramento dos trabalhos do grupo. No encontro, foram definidas 25 linhas de ação para a política nacional.

As propostas serão enviadas para o ministro da Saúde, Humberto Costa, que preside a comissão, criada em maio. Depois de ganhar contornos finais, o plano será entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Se obtiver aval do presidente, as propostas serão transformadas em projeto de lei.

Pela sugestão do grupo, a restrição de propaganda abrange produtos com teor alcoólico superior a 0,5 grau na escala Gay Lussac, o que inclui produtos como cervejas e coolers. Hoje, fabricantes de bebidas com teor alcoólico mais alto, caso dos destilados, só podem anunciar na TV a partir das 23 horas.

Como não houve consenso sobre o horário, integrantes da comissão não descartam a possibilidade de que a sugestão possa ser modificada até a apresentação formal ao presidente. Há na comissão quem defenda que o início da propaganda de bebidas ocorra às 21 ou às 22 horas. Especialistas em prevenção e tratamento de problemas relacionados ao álcool ouvidos pelo grupo, porém, julgam o limite de 23 horas o mais eficaz.

Também por falta de consenso, as regras para propaganda de bebidas limitam-se à TV. Não há referências a rádios.

Comércio - Além da restrição da propaganda, o grupo recomendou a limitação do comércio de bebidas. Pela sugestão, fica proibida a venda do produto nas proximidades de escolas ou de hospitais.

Para o reforço da fiscalização, o grupo faz duas sugestões. Participação efetiva dos municípios, com auxílio do Ministério das Cidades, e a atuação de integrantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para isso, é preciso mudar a legislação.

O grupo também aconselha a criação do Programa Integral de Atenção ao Usuário de Droga, que prevê atendimento de dependentes de álcool e drogas em hospitais-dia. Para casos de emergência, o grupo aconselha o tratamento em hospitais gerais. Hoje, boa parte dos dependentes de álcool é tratada em instituições psiquiátricas.

Apesar de ter discutido por meses, o grupo não obteve consenso em outros pontos. Entre eles, a elevação do preço das bebidas e o fim de incentivos à sua produção. Os mecanismos esbarram em questões econômicas e também no argumento de que eles podem incentivar o comércio informal.

A alteração das regras para o registro das bebidas é outro ponto cercado de divergências. Hoje a licença é concedida pelo Ministério da Agricultura.

Integrantes do grupo defenderam que a decisão seja compartilhada pelo Ministério da Saúde.

As ações definidas pela comissão pretendem garantir a prevenção do alcoolismo e evitar o abuso do álcool entre adolescentes. Estudos mostram que o início do consumo de bebidas no Brasil ocorre aos 11 anos. Quase 11% da população adulta é dependente do álcool.

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