Entrevista nº 5

A AMATA agradece à Sra. Ivanise pela gentil entrevista concedida sobre problemas físicos gerados absolutamente ou em altíssimo percentual pelo tabagismo.

Ivanise Teixeira Bortoloto nos felicita com seu inestimável depoimento. Imagine-se vivendo com restrições e limitações devido a uma doença pulmonar. Vivenciando essa experiência há 23 anos, Ivanise nos relata as dores, as dificuldades e os ajustes na sua vida cotidiana para suprir a redução de sua capacidade pulmonar. Pensamento da entrevistada: “Se você pensar, com certeza não fumará. Se você fumar, com certeza não pensou, e talvez um dia poderá pensar”.

AMATA (por sua Conselheira, Dra. Daniela Costa) – Antes de falarmos a respeito do grave problema físico causado pelo cigarro, é possível contar-nos o que a levou ao vício do tabagismo?
Foto não autorizada pela família

Ivanise – Quinze anos! Ah, meus 15 (quinze) anos. 1969, eu não sabia de nada, mas achava que sabia. Tudo era o máximo. As meninas usavam mini-saia e eu também. Elas usavam botas e eu também, e tudo de modismo; dentre estes, nada que comprometesse minha saúde. Até que um dia, eu, com toda minha sabedoria e muita ignorância, no que diz respeito àquilo que propus a começar a fazer, comecei a fumar. Foi fácil começar, mesmo engasgando, ficando com os olhos vermelhos e mesmo não tendo dinheiro, eu consegui ser uma fumante. Eu me achava elegante e até mesmo importante. Na verdade, eu era mesmo ignorante.
               Comecei como todo mundo, fumando de vez em quando; um cigarro aqui, outro ali, e de repente já estava fumando muito mais: 3 (três) maços por dia. De fato, eu não tive nenhuma pessoa que me orientasse sobre este vício pegajoso e tão prejudicial à saúde, o qual me rendeu dez anos da minha vida. 10 (dez) anos de cheiro de cigarro, dez anos de unhas amarelas, dez anos de gastos inúteis. Dez anos PERDIDOS, e dez anos para sempre de problemas.
                É e foi para mim um vício caríssimo em todos os sentidos.

AMATA O que significa viver com esta doença restritiva, o Enfisema pulmonar, quase certamente ocasionado pelo tabaco?

Ivanise – É ter uma série de limites na vida cotidiana, como:

 
Fico apavorada com qualquer resfriado, pois em meu caso pode rapidamente transformar-se em pneumonia;
 
O vento, o frio e a chuva me assustam, e me limitam socialmente;
 
Vivo agasalhada, pois o medo é maior;
 
Tenho cansaço freqüente e falta de ar, o que também me limita a muitas coisas, inclusive atividades de vida diária;
 
Há necessidade que eu esteja realizando testes e exames, periodicamente, para certificar-me de minhas condições cardiorrespiratórias.

              Obs: e isso tudo porque já não fumo há cerca de 23 anos

AMATAQual a sua mensagem para o jovem que a lê neste momento?

IvaniseA verdade é que eu não gostaria de estar aqui escrevendo, e os jovens lendo, este relato: EU NÃO FUMO MAIS. Eu gostaria, na verdade, de estar dizendo: EU NUNCA FUMEI. Eu tive informações, conhecimento, esclarecimentos de todos os males que o tabagismo causa, mas acabei errando, quase me matei, fiquei limitada, dei trabalho a muitos que não tinham culpa, e só então, me conscientizei. Não pensem que foi fácil parar. Só foi fácil começar. Tentei parar e lutei muitas vezes contra este vício. Certa vez, cheguei até a ir ao banheiro, fechar meus olhos, e fumar, como se desta forma, estivesse escondendo-me de mim mesma.
             A que ponto cheguei?! Mas, venci, e consegui parar, apesar de todos os relatos que fiz em relação às conseqüências.
              Então eu me casei, tive uma filha, e nunca mais fumei. Meu marido não fuma, minha filha também não.
              Acho que não preciso falar mais. O restante, todos já sabem.
              Obrigada.
              Ex-fumante.

AMATAMuitíssimo gratos.

Outubro de 2007.