Entrevista nº 8

Maitê de Castro, artista plástica e arte educadora, iniciou o tabagismo no primeiro ano da faculdade. Conseguiu largar o cigarro após vinte anos, tendo fumado sempre um maço ao dia. Mesmo assim, sofreu as consequências desse ato... Sua mensagem: Pare de fumar imediatamente.

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Amata - Quando você começou a fumar?

Maitê - Eu comecei a fumar com dezoito (18) anos de idade, quando iniciei a faculdade, levada pelos colegas, todo mundo fumava; intervalos...

Amata - Quanto fumava?

Maitê - Primeiro, era naquele sentido de pedir. Pedia e fumava poucos dias. Eu pegava cigarros de colegas. Depois eu comecei a intensificar o vício, passando a um maço por dia. Depois mais ou menos de uns quatro (4) meses eu já estava viciada no cigarro. Fumei um (1) maço por dia.

Amata - Fumou por quanto tempo?

Maitê - Eu fumei até os trinta e oito (38) anos. Hoje estou com quarenta e oito (48).

Amata - Qual o malefício que o cigarro lhe causou?

Maitê - Eu tive dois filhos, e durante a gravidez foi muito difícil eu parar de fumar. Psicologicamente eu fiquei mal, e tive depressão por causa disso. E durante a gravidez eu ainda fumei alguns cigarros, eu não conseguia largar. Dava-me tontura. E posteriormente eu tive uma agravante, que foi uma cirurgia de tireóide que eu fiz. Com quarenta e dois (42) anos eu tive um problema de tireóide, e depois de diversos exames eu tive que passar por uma cirurgia. Eu tinha um câncer maligno na minha tireóide, que foi em consequência do cigarro.

Amata - Foi um custo muito alto desses exames?

Maitê - Sim. Eu fiz a cirurgia num hospital excelente, o Nossa Senhora de Lourdes, com uma equipe médica maravilhosa, só que por sorte eu tinha um convênio médico. Querendo ou não, o pouco que a gente paga por mês de convênio, ou muito, isso é um custo. Se for colocar isso na ponta de um lápis, quanto que não custa, uma pessoa que tem uma sequela como eu, para um hospital?

Amata - Você tem sequelas até hoje?

Maitê - Hoje eu tenho que fazer reposição hormonal. Eu tomo 100 mg de PURAN T-24, em jejum, todos os dias antes do café da manhã, e todos os anos eu preciso fazer exames para controlar a dosagem do remédio.
Eu tive também um psiquiatra que me orientou durante todo esse período. Eu o procurei porque passar por uma cirurgia não é uma coisa fácil, não é uma coisa corriqueira. E o problema que eu tive poderia ter tido uma sequela muito pior, porque eu fui atendida em cima da hora. Mais um pouco e eu não poderia estar aqui dando esse depoimento a você.

Amata - Como você conseguiu parar de fumar? Usou remédio?

Maitê - Não, não usei remédio. Eu usei a força de vontade e a oração. A oração me ajudou muito. Eu sou uma pessoa muito religiosa. Eu entreguei a Deus... E pedi forças. Porque humanamente, quando você está dentro de um vício, é difícil você sair dele. E eu tive força de vontade. Sofri. A gente sofre.

Amata - A parada foi de uma vez ou foi aos poucos?

Maitê - Foi aos poucos. E eu tenho um filho que hoje tem 16 anos, na época ele era mais novo, e ele me questionava, porque ele tinha na escola aulas sobre o malefício, e como dentro de casa ela ia aceitar uma mãe que estava se matando aos poucos; e ele chegava a pegar o meu maço de cigarro, a picar e jogar no lixo. Então eu fui forçada a perceber... Isso foi um lado familiar que ocorreu.

Amata - Se pudesse dizer algo francamente a quem a lê, o que diria.

Maitê - Pare de fumar imediatamente.

Amata - Muito obrigado pela entrevista.

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Agosto de 2009